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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Nossa SenhoraNo domingo
-Cada dia, ao meio-dia, um pobre velho entrava na Igreja, e poucos minutos depois, saía.
Um dia, o pastor lhe perguntou o que fazia (pois havia objectos de valor na Igreja).
Venho orar, respondeu o velho.
Mas é estranho, disse o pastor, que você consiga orar tão depressa.
Bem, retrucou o velho, eu não sei recitar aquelas orações compridas.
Mas todo dia, ao meio-dia eu entro na Igreja e só falo:
-"Oi Jesus, eu sou o Zé, vim te visitar."
Num minuto, já estou de saída. É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que Ele me ouve.
Alguns dias depois, o Zé sofreu um acidente e foi internado num hospital e, na enfermaria, passou a exercer uma influência sobre todos: Os doentes mais tristes se tornaram alegres, muitas risadas passaram a ser ouvidas.
Zé, disse-lhe um dia a enfermeira, os outros doentes dizem que você está sempre tão alegre....
É verdade, senhora, estou sempre tão alegre.É por causa daquela visita que recebo todo dia. Me faz tão feliz.
A enfermeira ficou atónita. Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do Zé estava sempre vazia.
O Zé era um velho solitário, sem ninguém.
- Que visita?
- A que hora?
- Todos os dias. Respondeu Zé, com um brilho nos olhos. Todos os dias ao meio-dia. Ele vem ficar ao pé cama.
Quando olho para Ele, Ele sorri e diz:
-"Oi, Zé, eu sou Jesus, eu vim te visitar"

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

QUANDO A GENTE AMA

A LISTA

UM LIVRO DIFERENTE: PENSAMENTOS MIL


Há muito tenho vontade de escrever algo que não sabia definir bem. Agora chegou o momento de escrevê-lo ou pelo menos descobri-lo.

Vou intitulá-lo de:

impressões da vida

1ª Parte-Dia 14/07/1988

Já passei por muitas experiências nestes quase 32 anos de vida. Não sei até quando durarei nesta terra mas tenho certeza de uma coisa:o que já vivi e o que passarei ainda como ser vivente valeu a pena. A 1ª questão da minha vida e encontrar alguém com quem possa dividir a minha existência.

É certo que tenho mamãe e Biné, pois estas convivem comigo, sem esquecer outras tantas que já viveram ou pelo menos passaram na minha vida. Tenho certeza, aliás em tão poucas linhas, essa palavra já apareceu bastante, não?

Porém, como eu estava dizendo, tenho certeza de que tudo tem o seu significado, desde das pessoas ate os mais simples fatos ocorridos, que à primeira vista não pareça ter valor. Eu acredito que vivemos não por viver, mas para ter sentido e dar sentido à vida nossa e de outras pessoas.

Senão por que Deus então nos fez? Algum motivo muito Seu lhe levou a nos inventar. E isso é o primeiro passo para nos sentir, penso eu, importantes

. Se bem que não aquela importância mesquinha, mas aquela grandiosa, que nos faz felizes por existir e saber que estamos aqui não por mero acaso, porém, para cumprir um Roteiro divino e terreno.

Continuando, tenho que deixar claro que aqui não exporei apenas idéias mas principalmente deixarei impressa, quica para a posteridade, sem um pingo de modéstia, alguns aspectos de vida que poderei ter tirado de filmes, livros, conversas e de outros meios, que me enriqueceram e me dão mais vontade de viver.

Ah! Vida!

Coisa maravilhosamente bem definida por Gonçalves Dias, quando escreveu que a ‘Vida é combate, que aos fracos abate e que os fortes e bravos só devem (e podem) exaltar”.

E é isso mesmo, quantas lutas! Quantas derrotas! E em cada caída uma onda de alegria ao nos levantarmos, com mais forca, com mais vontade de viver!

Essa vida às vezes tão desprezada, tão insultada! Mas tenho fé que mesmo em meio a tantas desilusões tidas, em toda pessoa há a ânsia da vida! Como falei no começo _na vida já tive alguns momentos que me deixaram emocionada, alegre, triste, fatigada, mas com mais vontade de viver, de experimentar. Aconteceram esses momentos quando assisti filmes como a história de um velho que falou que a velhice é o tempero último da vida, ou ainda quando assisti um filme de tragédia como o do avião que caiu num rio gelado e uma um homem tirou parte de sua roupa e se lançou ao rio para dar coragem aqueles que esperavam pelo socorro e depois de tudo dizer à sua mulher que havia sentido amor por aqueles seres que nunca havia visto antes. Não é maravilhoso?! Ou ainda quando presenciamos muitas vezes a gata dando de mamar para os filhotes e depois limpá-los, sugar-lhes o sujo e mais tarde rolam carambela, brincando, correndo, alegre, satisfeita.

A maravilha da existência se faz mais presença quando você presencia um fato cheio de cores, alegrias, vibrações, fogos de artifício, bandeira tremulada, mãos de jovens entrelaçadas de vários estados, uma luz furtiva de televisão colhendo imagens do “ola” meximaranhense, ou ainda quando aquele atleta com a chama percorre o estádio todo debaixo de palmas e incentivos, acende a pira que esta fique acesa na esperança de uma fraternidade maior, sem distinção de cor, raça, religião ou procedência. Ou ainda quando em entrevista o mesmo atleta, não importando a idade, emociona-se e chora...

Ah! Meu Deus se a vida não fosse boa como viver sem esses momentos e muitos outros! Não há coração que possa ficar imune quando uma destas coisas acontecem.. .O coração fala pelos olhos de um tempo que perdura para sempre! Fatos inesquecíveis! Muitos fatos bons, muitos fatos ruins...O que vale mesmo é que estamos aqui, agora vivendo em qualquer parte desta terra, deste chão, deste universo, desta galáxia...Você não gosta de viver?

Então, ainda não se encontrou chorando, rindo, coração batendo loucamente, tentando correr para abraçar alguém, e os pés pregados no chão, ou querendo chamar alguém e a voz não sair?

Se não bastasse tudo isso pense nas vezes em que olha o céu, e o vê azul e branco, cinzento. Um canto de pássaro, batidas do silêncio, vozes sem rosto, pensamentos claros e obscuros, barulho de carros, bolas, palavras boas e más, boas vindas e um bom palavrão que foi solto no ar para algum peito se desabafar...

Tudo! Tudo isso é Vida! Tudo é vida e só você vivo pode sentir e saborear. Você já sentiu o cheiro de uma roupa bem limpa, um corpo suado nas palmas de suas mãos? Você já olhou paisagens, quadros, pinturas, bibelôs, redes, sapatos, vestidos, argolas e argolinhas?...

Você já se emocionou ao ouvir um muito obrigado quando menos pensava em ouvir? Ah! Meu amigo tudo isso é e sempre será Vida!

Se eu pudesse nunca mais pararia de escrever. Aliás de vez em quando eu escrevo em uns cadernos, e depois quando releio, tento me lembrar a causa que me fez escrever e geralmente recordo. Mas há vezes em que a memória falha e me perco completamente e fico tentando, até conseguir lembrar ou então deixo “para lá”... É! Há coisas que ficam marcadas para sempre outras não, surgem outros sentimentos ao relê-los...

De vez em quando eu invento uma mania e uma dessas é tirar retrato. Se eu pudesse eu tiraria fotos, mil fotos de paisagens e de fatos que presenciei...

Hoje, por exemplo, fiquei com pena de não tirar fotos dos gatinhos que estavam brincando. Eles, naquele momento, me emocionaram porque me deram a impressão de que eram felizes. E eles estavam sendo a própria imagem da Felicidade. Um deles então, quando o olho frente a frente, sinto como se ele fosse a imagem da ingenuidade e da esperteza de uma criança. Tenho até o louco pensamento de que os bichos “pensam”.

Será que não? Será que sim? Que eles são espertos, isso eles são. Agora se eu disser isso por aí virão me achar retardada ou na melhor das hipóteses, uma brincalhona... Imagina os gatos, os cachorros terem uma razão, o poder de pensar. Loucura! Só mesmo uma “pinel” para pensar assim! Mas, será que é isso mesmo? Há muitas vezes que eu acredito que mais irracionais somos nós os chamados “Homo Sapiens”do que os outros bichos. Você não pensa de vez em quando assim? Não? Parabéns!

Sim? É tão louco(a) quanto eu!

Você pode acreditar que neste momento estou sorrindo, imaginando a cara que está fazendo ao ler isto tudo aqui. Isso se eu mandar ou alguém um dia publicar.

Um bem-te-vi neste momento começou a cantar. É um dos pássaros que mais acho”bonito e gosto do seu canto. E por falar em pássaro agora me lembrei de um fato. Sempre que eu ia subindo a ladeira da Igreja da Gloria (fica aqui em São Luis/MA) para ir para o Instituto de Educação, no bairro da Alemanha, lá dentro da minha cabeça, se eu iria encontrar alguém e dizia que sim eu queria ver um pássaro passar voando, se não o contrário. Você está surpreso? Não se espante, afinal alguém já disse e eu gosto de repetir este provérbio: de louco, doutor e professor, todos nós temos um pouco”. E é verdade, eu que o diga... Mais uma vez estou sorrindo de mim mesma, ainda bem, antes de alguém sorrir de mim, eu própria já estou sorrindo.

No momento, acredito que estou me afastando um pouco do que queria escrever, mas não tem importância, assim sendo, vou continuar colocando para fora, sem me restringir. Afinal é esse o meu objetivo, escrever o que me vem a cabeça. Pode não haver sentido aparente mas para mim tem imenso. Afinal, muitas coisas acontecem a medida que escrevo e conforme vão acontecendo eu vou colocando as minhas impressões. Não é afinal esse um dos pedaços do título deste escrito?

Seria infiel ao título se de repente eu colocasse aqui “coisas” forcadas e não “coisas” livres.

Se você não estiver gostando, pode parar de ler, eu prometo que não me zangarei, afinal você é livre também (se não é, procure sê-lo, ainda há tempo! Não desista!).

Existe um pensamento que muito me inquieta, e acredito, que muitos pensam também nisso, uns tranquilamente, outros como eu, com certa angústia. Sabe qual é? Não? Você tem razão, eu não disse ainda e você não pode adivinhar, não é? Escrevo agora: “Com quem estarei na minha velhice?”Terei alguém quando me vergar pelos anos vividos? Estarei só? Não, não é só companhia masculina... Claro, que de preferência seria um , ombros fortes e largos. Mas, ao ver minha mãe que envelhece, e Graças a Deus, não tem só a mim, mas tem outra pessoa a quem recorrer, para lhe fazer companhia. Contudo, eu não sei a quem vou porque não tenho sobrinhos, pois sou filha única, apesar de possuir tantos primos, mas cada qual terá sua família para cuidar. E eu já em meio caminho andado, se Deus quiser, a quem irei pedir socorro? Isso é um caso a pensar com cuidado, com todo carinho...Muito já pensei quando mais nova em me casar porém, hoje, confesso, tenho medo. É, neste instante estou sendo covarde, mas quem de quando em vez não o é?É, vamos deixar o tempo passar e entregar essa parte ao bom Deus, que Ele sabe qual deve ser o melhor para mim e para os outros. Creio, que mesmo num asilo, Ele escolherá um “bonzinho”.

Eu fico me rindo quando relembro as tantas vezes que já sonhei vivendo feliz ao lado de um certo homem”, com filhos e cheguei ao extremo num desses vários momentos loucos a ver os filhos com nomes e tudo. Lembro-me que certa vez eram tantos nomes que cheguei ao récorde de 15 filhos! Eram tantas as pessoas a homenagear, a começar pelos meus pais.

Mas passado o tempo, pela própria forca da vida que já vivi, das experiências tidas eu cheguei a conclusão que não devo muito pensar em ter filhos, porque além de tudo já dito, tenho medo pela idade que já é perigoso para a criança ser gerada. Certo dia, sonhei tanto com filhos que me imaginei já casada e fiquei feliz! Mas depois tudo se desvaneceu e a realidade se sobrepôs e aqui estou sem filhos e sem marido, seja o que Deus quiser! Como já disse, Ele me dará o que for melhor, o que importa, é eu viver! Sentir! Emocionar-me! Tentar! Lutar!

Procurar melhorar minha vida no que for possível e deixá-la correr sem forçar. Peco a Deus que me sinta sempre assim: com vontade de viver, de experimentar, de colocar alegrias mesmo nos momentos tristes... E que saiba antes de tudo dar Graças a Deus por existir e ter me dado a sorte de ser quem sou! Sem modéstias falsas! Não que eu me ache uma super mulher ou uma mulher maravilhosa, mas por me conceituar como uma pessoa capaz e que tem que cada vez mais procurar se aperfeiçoar, mesmo errando tantas vezes como já errei e como tenho certeza, errarei muitas vezes enquanto vida tiver.

Ah! Tenho tanto para escrever, para declarar, que às vezes penso que nunca terminarei, este livro será um sem fim, afinal a vida não se acaba, e sim se transforma, como todos nós. Quero aqui deixar expresso e claro que tenho meus momentos tristes, em que me sinto desiludida e que chego a me perguntar se4 tem sentido a vida. É claro que como ser humano tenho meus momentos de devaneios, de decepções, mas você pode ter certeza que depois de chorar, escondido é claro, procuro tirar qualquer motivo para continuar e daí fazendo projetos, me lanço a novas aventuras” da vida que me oferece e mais que tudo o que me faz voltar à existência dos Esperançosos é a certeza de que há sempre um tempo bom depois de cada tempo triste e negativo porque o Criador existe e foi Ele que nos fez vivos para nunca desistirmos da Vida.

(15/07/1988)- E pode contar que nunca desistirei porque o que aconteceria se fizesse isso? O que dizer do povo de lá? De onde? Você deve ter perguntado. Respondo: ao meu povo que já foi para o além, ou Céu, dependendo do que você acredita. Por sinal, desde pequena ouvi sempre alguém falar que a Terra é o próprio Inferno, que o aqui se faz, aqui se paga. Confesso que por vezes acredito, principalmente quando vejo algumas coisas...

Hoje está chovendo. A temperatura está gostosa, nem quente e nem frio. É num dia desse assim que dá preguiça, uma indisposição até de pensar. Ontem a noite eu estava só me lembrando de uma certa pessoa e procurando ver se ainda há uma chance de haver reatamento de namoro. E agora, sinceramente fico em dúvida. Às vezes à noite penso em tomar alguma atitude mas quando chega o clarear do dia, o pensamento muda. Por que será? Será magia da noite? A noite, ou mesmo de madrugada tudo parece possível. E o dia, será que nos reserva objetivamente a realidade “nua e crua”?

Não sei ainda a resposta. Mas creio que há alguma resposta por aí. Talvez algum estudante de almas saiba responder...

Você já notou que muitas vezes temos perguntas sem respostas muito claras? Ou mesmo obscuras? É, acredito que na vida existem muitos momentos assim para que tenhamos consciência das nossas incapacidades, que nós somos Seres Imperfeitos, produto de Alguém Perfeito e que nos quer assim: Imperfeitos e Incapazes mas ansiosos a procura da Perfeição e da Capacidade pois só assim poderemos um dia descobrir que as Respostas procuradas estavam por detrás de cortinas e que só Ele poderá retirá-las no momento preciso, ou seja, quando o Homem compreender que tudo pode desde que não queira ser tão ou mais que Seu Criador. Porque existem Homens que ao conseguir algo acima dos outros Homens se sentem os maiores ou mesmo deuses. Aí está o perigo: porque geralmente quando eles se sentem assim, pobre do humilde e humilhado que encontrar à sua frente, pois o Homem autoendeusado faz o que não passa nem de longe pela “cabeça” do Deus único e verdadeiro. Isso eu tenho absoluta certeza.

O incrível de tudo é que Deus mesmo assim continua deixando o Homem descobrir, inventar, enfim, participar da criação e recriação do mundo.

Rico é o Homem que ainda possui a Esperança de Deus depositada em si. Afinal, Deus sabe das coisas. Não é? Pobre do Homem, de todos nós, se Ele não soubesse! Você talvez agora esteja se perguntando: Afinal, em que vou lucrar depois que terminar de ler o livro? Bem, na verdade eu não posso responder por você, mas posso por mim. Eu estou até agora me redescobrindo como ser, como pessoa, como indivíduo. E como é isso? Acontece que enquanto vou escrevendo, eu vou me questionando, e as perguntas que lanço aqui no “livro”eu mesma às vezes nem sei como responder. Você pode acreditar. É autêntico. Isto tudo que está aqui é verdadeiro, é feito de inspiração. E acredito que esta não acontece somente comigo, tenho convicção de que alguém antes e depois fez e fará estas perguntas e as responderá com mais ou menos dúvidas do que eu. Dentro de mim existe uma verdade única, que não posso negar, há muito tenho necessidade de escrever tudo o que registrei ontem, só que não sabia como iniciar, e aí aconteceu o estalo: deixar a caneta nos dedos da mão e pensamento livre. E assim, aqui estou novamente na manhã seguinte procurando extravasar o que existe dentro de mim louco para sair. Há tantos motivos que me fazem escrever do jeito que escrevo: a minha própria maneira de ser, as pessoas que me rodeiam, os seres que já passaram em minha vida, os livros que já li, os filmes que já assisti, enfim, o mundo em que vivo. A minha profissão faz-me viver circunstâncias tais que me dão uma riqueza de pensamentos tão vastos que acredito aos poucos vai me transformando um ser que acredite cada vez na capacidade humana de ter bons sentimentos, de valorizar a vida da forma que deve ser valorizada, mesmo que às vezes aparentemente não pareça. Há momentos tão sublimes que por vezes chego quase perder o controle e abrir o berreiro”. Não quer dizer que não haja também momentos adversos, que não encontre pessoas com pensamentos e atos mesquinhos, mas de qualquer forma na vida se deve levar em consideracão muito mais os momentos positivos do que os negativos.

Assim, a cada dia em que trabalho tiro lições de vida, que me estimulam a continuar a acreditar no Ser Humano e aguardar um futuro por mais que pareça o contrário, melhor. Afinal, senão era imperioso desistir da vida. Porém, o provérbio continua tendo grande significado: Enquanto há vida, há esperança”.

Eu só posso contar com as coisas terrenas enquanto existo nesta vida. E vida é o que mais devemos querer com esperança de algo para dar sentido a nossa existência.

Agora eu irei escrever sobre algo que está me inquietando muito. Eu estou pensando seriamente de sair a procura de uma conversa franca e aberta com uma pessoa a quem eu feri com uma atitude que hoje muito me arrependo. Assim, preciso encontrá-la e pedir-lhe desculpas. Não sei como serei recebida, não tenho idéia de sua reação, é preciso esclarecer que ela é muito orgulhosa... e eu sou também... Mas, preciso por minha própria existência e sobrevivência, procurá-la e tentar lhe mostrar que na realidade a “coisa”não foi como aparentemente se mostrou. Essa pessoa, posso dizer com todas as palavras, eu AMO. É incrível como podemos machucar as pessoas mesmo quando a amamos!

O importante para mim é esclarecer a situação e se possível fazê-la retornar, senão como namorado mas pelo menos como amigo...

Há três ou quatro dias o vi e isso me abalou. Eu preciso tentar, devo tentar, porque se eu não tentar sempre haverá a pergunta: e se eu tivesse ido o que teria acontecido? Eu sempre disse às minhas alunas que nós devemos enfrentar os problemas, conversar lealmente com a pessoa, que devemos lutar por aquilo que queremos. Agora chegou a vez de eu colocar isso em prática.

Confesso que tenho medo, mas tenho que fazer desse temor motivo de forca, afinal, o que custa tentar? Qualquer que seja o resultado, o importante será a certeza de que no momento eu não fugi, não me acoverdei, que pus em ação o que tantas vezes defendi.

Tenho que me conscientizar de que sou uma mulher adulta, madura e que tenho no momento que sofrer as conseqüências dos meus atos, com responsabilidade. É o momento de eu sentir na pele o que tantas e tantas vezes falei: toda ação traz uma reação. E a pessoa tem que assumir seus atos e no instante é isto que eu tenho que ter em mente: assumir o que fiz , arcar com todas as consequ6encias, sem revolta, sem angústias. Tendo coragem para ir adiante retirando desse episódio uma lição para toda a vida.

Voltando neste instante a vista para o céu, surpreendi-me ao vê-lo tão azul, e o sol tão mas vi brilhante, o vento sacudindo tudo com a alegria que só ele sabe ter e dividir depois de uma manhã chuvosa, parecia hoje que o tempo, ficaria sempre com o céu , nublado, as pessoas encolhidas, sem disposição para transitar nas ruas e nem crianças com para brincar. Mas eis que a natureza alegremente nos fez sua surpresa. Disso eu tiro outra lição: depois de cada tempestade, tempo de bonança virá”. E é certo. Afinal, nesta terra chamada Maranhão, temos que admirar o esplendor do céu negro quando a chuva vem e o tempo se fecha, bem como o esplendor do sol quando surge no nascente perdido do céu, ou mesmo quando desaparece aos poucos no mar banhado de esperanças.

Solta no ar, estou aqui agora sem saber neste instante o que dizer de mais positivo do que isto: “Persista, Insista, Não Desista” e eu peco a Deus nunca chegar a desistir, porque acredito que quem desiste simplesmente não sabe que já morreu, que deixou de existir, apodreceu sem se dar conta...

A medida que escrevo me sinto mais aliviada, me sinto mais ËU, autenticamente eu. E me sinto também mais perto de Deus. Eu, neste instante, estou fascinada pela luz do dia, pelo calor que se aproxima depois de tantos ventos frios. É, isso conforta a alma, dá mais vigor ao corpo e ao espírito. É tão gostoso se sentir assim. Apesar de tantas dúvidas, de tantos medos. É. Não se engane, eu sou assim mesma. Totalmente louca como qualquer outra pessoa é.

Você às vezes não se pergunta se é certa de cabeça? Eu já me fiz essa pergunta não sei quantas vezes e até hoje ainda duvido se a resposta é um sim ou não.

Às vezes me proponho como quase todo mundo a fazer certas coisas, mas na hora “h” eu me acovardo e me vejo sem tomar atitude. Depois me recrimino, fico com medo de não haver nova chance. Agora mesmo ao sair para fazer compras na mercearia, penso que vi alguém, o mesmo que estou disposta a procurar para ter uma conversa séria, , tenho certeza se ele me viu mas desconfio que sim. E mais uma vez perdi a oportunidade de lhe falar. Esta é a segunda vez, espero que na terceira isso não ocorra. Afinal, prefiro que nossa conversa venha de um encontro ocasional, do que provocado por mim. O certo é que estou pronta a correr risco. Espero que o Criador me mostre o melhor caminho.

20/07/1988 – Faz cinco dias que nada escrevo. E tantas coisas aconteceram! No entanto, vamos por parte. Fiquei quando afirmava que queria que o encontro com ele”fosse ocasional, pois minha prima o encontrou e marcaram um encontro para o dia seguinte, só que ele não apareceu. Então, todo o propósito meu de procurá-lo caiu por terra. Principalmente quando ontem me afirmaram que anda com uma mulher que tudo indica é sua esposa. Não importa, vou viver minha vida. Talvez seja melhor, se for para nos encontrar, nos encontraremos mais cedo ou mais tarde. Agora estou voltada para outro lado. É assim. A própria vida por vezes se encarrega de nos fazer interessar por outras coisas, de nos fazer ver que sempre existe um outro lado cheio de luz quando um está escuro. É aquela velha frase em prática: “Quando Deus nos fecha uma porta, escancara uma janela”. O importante é não nos deixar revoltar, nos sentir mortos, quando tantas vidas há para nos levar e nos sensibilizar que enquanto houver vida, existirão mil opções, mil maneiras de felicidade mesmo regadas a lágrimas...

Ontem, me senti numa hora tão contente, todavia ao mesmo tempo, triste por sentir que alguém que eu gosto com carinho, está um tanto alquebrado pelos desgostos que as pessoas lhe proporcionam, e escutei um : -preciso de você!

Sim, nesse momento me senti tão importante tão útil! E aí entendi que o valor da nossa existência só é possível sentir quando nos é possível sentir importante, útil para alguém, quando nós somos levados de alguma forma a acreditar que alguém precisa da nossa presença. É agradável demais ao nosso ego nos sentir assim: necessária a alguém, e o melhor de tudo é quando a recíproca também acontece. Ser verdadeira. Aí o sentimento de Alegria é inebriante!

24/07/1988 – Ontem eu me senti num momento tão triste, confusa. Pensando que mais uma vez eu ia passar por uma decepção: a de sair para conhecer uma pessoa e simplesmente ela não aparecer ou mesmo indo não se dando a conhecer. Os minutos de espera de espera foram muitos mas confesso para a minha alegria que valeu a pena ter esperado. A pessoa que surgiu de repente, num estalo de dedo, é maravilhosa! Muito além do que podia imaginar. É, às vezes a vida nos faz dessas surpresas o dia ontem foi dividido entre sol forte pela manhã e muita chuva a tarde. Daí o primeiro motivo para pensamentos negativos. Mas, como eu disse, a Vida, o tempo, nos suepreende. Graças a Deus a surpresa foi a melhor tardinha, o tempo voltou a dar chances para que o sol reaparecesse e daí não deu outra, a noite foi esplêndida! O céu ficou lindo! Mais tarde a lua se apresentou no firmamento justamente com as estrelas.

Assim pude sair ao encontro da pessoa que ansiosamente esperei e que pude conhecer e me maravilhar por ser uma pessoa com todos os predicados de um ser vibrante de emoção, que me transmitiu muita energia, muita forca, muita simpatia e, antes de tudo, uma pessoa desprovida de preconceitos, franca. Deus queira que ela tenha visto em mim uma pessoa digna de sua Amizade! É, não devo me queixar, às vezes a vida parece que se esquece de mim, de me proporcionar algumas coisas, contudo, em compensação, dá-me lição de esperança, em forma de pessoas que me entregam riquezas incalculáveis. E assim fico mais feliz, mais cheia de alegria para viver com mais energia.

24/07/1988 – Hoje vou escrever sobre o meu amor pela cidade de São Luis do Maranhão. Esta terra tão desprezada, tão desprotegida, mas que possui um encanto todo seu. A cidade dos azulejos é o meu maior amor depois de algumas pessoas que ocupam um lugar privilegiado no meu coração. Amo esta terra por tudo o que ela me dá: a sua beleza natural, a sua história encravada e sentida em cada canto seu em sua parte chamada de “VELHA” mas que é tão nova por nos fazer tão orgulhosos desta cidade que nos dá através dos tempos, homens ilustres por sua inteligência, por seus escritos e falas. Sim, São Luis é uma cidade- ilha que através da nossa existência e dela faz-nos cúmplices de tudo o que ocorreu e ocorre com ela. Numa parte moderniza-se, em outra, o tempo parou e lá pensamos que vivemos ainda no Império, tanto no tempo chuvoso quanto não, nos dá a beleza retratada tão bem que nos faz extasiar. Há por de sol mais belo do que acontece na beira-mar? E a brisa que corre sempre? É tão gostoso! Por mais calor, sempre existe aquele ventinho gostoso que vem minorar seus efeitos.

E as pessoas que vivem aqui? Ah! Essas sempre tão faladeiras! A conversa corre solta! Mas também aqui se você não conhece diretamente a pessoa, essa pessoa conhece alguém que conhece você e aí o elo surge e dá motivos para um longo e gostoso “bate papo”. Existe cidade igual a esta? Caso exista ame-a!

29/09/1988 – Hoje estou retornando a escrever depois de tanto tempo. Ultimamente tenho vivido muitos momentos bons, até mesmo maravilhosos. Mas penso que todos esses momentos não deixaram de ter seus requintes de tristeza. Afinal, não é a vida assim mesmo? Procuro me ver sempre com olhos positivos para que me sinta sempre bem comigo mesma e com os outros seres que me acompanham nesta caminhada. Na última vez que escrevi falei sobre a minha cidade que tanto amo com seus defeitos e virtudes. Penso que toda pessoa deve prezar com convicção verdadeira a sua terra natal porque quando deixamos de dar valor à nossa pátria, estamos deixando de dar importância a uma parte do nosso próprio EU, até mesmo estamos desprezando as pessoas que nos deram origem: pai, mãe, avó, e outros parentes ascendentes... Sim, acredito que todos tem de dar o justo valor à sua terra- que a ame mesmo reconhecendo seus defeitos...

Aconteceu algo nestes dias de intervalo, que gostaria de contar: conheci uma pessoa que conversei durante alguns dias só pelo telefone. Gostei dela e continuamos a conversar pelo fone. Bem, o que eu desejo frisar é que de repente passei a conhecer alguém que se tornou parte da minha vida. Não sei se essa amizade”irá prosseguir porque observei que a sua intenção é de um relacionamento mais profundo em outro aspecto e eu na verdade não tenho essa intenção. Penso que por isso talvez haja um esfriamento no nosso relacionamento. De qualquer maneira penso que se depender de mim haverá daqui pra frente mais um novo par de amigos, verdadeiros, leais, agora só depende da outra parte... só o futuro dirá...

Você ao ler este livro-caderno vai pensar talvez que eu sou muito insegura, ora, digo que existem coisas boas nesta vida, mas que vêm acompanhadas por um lado negativo. O que eu quero deixar bem claro é que por mais que tenhamos um otimismo alto, devemos sempre deixar em nossas cabeças bem claro que nem todas as pessoas pensam do mesmo modo. Daí não podemos nos deixar levar só pelo nosso pensar, devemos nos conscientizar de que o outro”tem sua vida, e que esta vida é uma história diferente, trazendo para o ser uma visão diferente muitas vezes da nossa, mas que nem por isso podemos deixar de lado e sim lhe dar o devido valor. Afinal, o mundo seria muito sem graça se todas as pessoas pensassem de forma igual.

30/09/1988 – Hoje é o último dia do mês de setembro, mais um dia que finda um tempo, um ciclo de vida, uma época, uma parte da história de nossa caminhada neste planeta...

Falando em planeta penso que o mundo é uma das coisas mais bem feitas que Deus criou. Sinto-me às vezes tão ligada às pessoas que compõem este mundo que me vejo sentindo emoções estranhas que me colocam em posição de expectativa para tudo que acontece a qualquer pessoa porque por incrível que pareça é como se houvesse um elo tão forte que as conseqüências irão repercutir em minha vida..., vida, sentimento de vibração, perpétua forca propulsora de energia para nos fortalecer para aguentarmos tudo o que acontece, levando-nos para frente, caminhando em direcào ao horizonte perdido de Shangri-Lá, esperanca pertubadora mas que nos faz ansiar pela exist6encia de cada momento, apegando-nos a qualquer chance de poder viver com mais vibração, tal corda tocada pelo maior mestre de música do mundo, do universo que nos deu a Maior de todas as qualidades: Viver com vontade de mais viver sempre cada vez mais até não poder mais.

Vida, sonho contigo sempre, porque viver é o meu destino até renascer para além desta...

01/09/1988 – Vida, oportunidade de desabafo, do grito vitorioso, da emoção de querer alcançar algo, da frustração triste contudo nos levando desejar com mais forca lutar por aquilo que mais almejamos na distante ondas das vitórias...

11/11/1988 – Meu destino é sofrer...

É uma frase que expressa vida, no entanto, você deve sorrir e dizer: Será que você se acha única nesse aspecto? Engano seu, toda pessoa viva sofre...

E é verdade, eu estou a par disso, contudo nós sempre que pensamos nos fatos das nossas vidas, pensamos por breves instantes que somos os únicos ou que sofremos mais do que os outros...A verdade porém é que cada um tem sua parcela de sofrimento. Cabe-nos a tarefa de tentar de tentar através dele tirar forcas para vivermos melhor.

07/12/1988 – Faz muito tempo que não escrevo aqui minhas impressões de vida, não por não ter impressões, mas é que o tempo estava cheio de trabalhos escolares e eu me descuidei um pouco daqui. De qualquer forma aqui recomeço. Em primeiro lugar tenho que registrar que nesse meio tempo tive mil motivos de alegria, senti-me mais madura com os acontecimentos. Fiquei ciente mais ainda dos meus limites como pessoa vivente deste planeta. Passei por instantes bastante significativos tanto na minha vida sentimental quanto profissional. Quando por vezes penso em tudo que já vivi, surpreendo-me de ter sobrevivido ou mesmo de ter podido sufocar, com certo êxito, as minhas emoções. Confesso que por vezes estive a ponto de perder a cabeça, e sair por aí a gritar. Não só de revolta, de zanga, de mágoa e também de alegria.

Desde que comecei a registrar aqui me sinto mais forte, com mais disposição de lutar por aquilo que quero. Consigo me ver como pessoa que tem seus direitos e deveres. Antes eu sabia mas não me convencia lá dentro de mim mesma. Eu era em certo ponto estranha a mim mesma. Escrever este “livro”me fez retornar à vida, de certa maneira mesmo, renascer, me reindentificar. Sinto-me hoje mais consciente de mim mesma do que antigamente. Há um outro motivo para isso. Aconteceu de um amigo um pouco recente, ter-se “descoberto” para mim. Ele contou-me fatos de sua vida, que a ninguém mais contaria, salvo a um ou dois amigos homens. Isso me surpreendeu porque já houve muitas pessoas que me contaram seus segredos, mas nenhum chegou a confidenciar coisas tão secretas. Um acontecimento desse não deixa de maneira nenhuma de nos afetar de forma tão profunda! Eu me senti tão glorificada! Tão importante! Será que eu deixo as pessoas tão à vontade, que elas abrem seus corações de maneira tão franca, que até mesmo seus “segredos”mais íntimos colocam a minha frente? É por isso meu Deus que eu me sinto de certa forma um ser privilegiado. Sei que num mundo de hoje são poucas as pessoas que se dignam a confiar em alguém. O mundo é cheio de falsidades e ninguém pode dizer que está livre de encontrar um amigo” que na primeira oportunidade solta os seus segredos, que num momento pensou que esse outro era digno de confiança. Não que eu me julgue um túmulo. De maneira nenhuma. Apenas procuro fechar em mim os segredos que me confiam, pois penso, que um dia pode ser que estarei à procura de um Amigo sincero e leal, e assim agindo estarei com maior probabilidade de encontrá-lo.

Na verdade, o mundo ora nos traz um motivo de esperança nas pessoas, pensar que ainda existe esperança dele ser melhor. Por outro lado, infelizmente nós deparamos com fatos que nos dão a nítida impressão que este “velho mundo” pouco aprendeu com os erros” cometidos no passado. A fofoca é um desses males tão antigos, que eu penso que desde que o mundo é mundo, existe. E por aí vai alastrando o mal por onde passa. Aconteceu há pouco e eu me senti com vergonha de ser humano. Sim, de repente fui pega pela surpreendente notícia que alguém é considerado “homossexual”simplesmente por andar com uma pessoa do mesmo sexo. Como, meu Deus, as pessoas podem ser tão maldosas? O pior é que não só as pessoas estranhas mas até mesmo, os próprios parentes dessas pessoas! O mundo é mesmo cheio de surpresas! Eu sempre me lembro da história do “velho, o menino e o burro”. Caso andemos de uma maneira as pessoas vem e nos dizem para mudar. Mudamos. E o que acontece? Logo outras pessoas surgem e dizem para novamente mudar, não é assim? E assim, outras e mais outras irão surgir e dão seus palpites, quando são contrariadas ou satisfeitas continuam a dar seus palpites, e a espalhar histórias verdadeiras e falsas por aí a nosso respeito. Nunca se sentem satisfeitas. São por demais críticas! Não se lembram que também podem passar por isso, não se lembram que “quem tem telhado de vidro, não deve jogar pedra no telhado dos outros”.

E assim as fofocas correm soltas... E então me pergunto: quando as pessoas vão se dar conta de que deveriam muito mais se importar com suas vidas do que com a vida dos outros? Nunca? Talvez ainda haja chance de mudarem. Quando? Não sei. O que eu sei é que enquanto não se aperceberem do mal que estão fazendo não só aos outros, mas principalmente a si própria, não pararão.

As pessoas deveriam abrir seus olhos para o mal que estão fazendo a si, porque as pessoas quando sabem que “fulano” é fofoqueiro, afastam-se dela. Não há nenhum fofoqueiro sendo amigo leal. Pelo contrário, as pessoas fofoqueiras só tem ao seu redor pessoas da mesma estirpe. Logo, o contador de histórias da vida alheia, não poderá contar com uma pessoa leal e sincera, digna de confiança, só pessoas do mesmo tipo de comportamento, ou seja, pessoas falsas, indignas de serem chamadas de amigo. Lembro-me sempre que falo da fofoca, uma história que certa vez me contaram: “Havia numa cidade uma senhora de boa aparência, jovem ainda que tinha um grande mal: falar mal da vida alheia.

Certa vez, num desses raros momentos de lucidez, procurou um padre e contou-lhe do seu defeito. O padre a escutou, depois deu-lhe a devida penitência, rezar 300 padres nossos e 300 ave- marias. A pobre senhora foi-se muito contrita e fez tal qual o padre mandou. Voltou para casa com o coração leve, porém, passados alguns dias, lá voltou e tornou a se confessar, havia caído no mesmo pecado. O padre passou mais umas centenas de padre nossos e ave-marias. E a senhora fez da forma tal qual o padre disse. Voltou para sua casa e desta vez estava convicta de que estava livre do seu mal. Só que passados mais algum tempo a jovem senhora retornou ao confessionário. O padre a escutou com toda a paciência e depois calmamente lhe disse:

Desta vez não lhe vou passar nenhum ato de penitência. A pobre mulher quase teve um colapso devido a surpresa. Como? Nenhuma penit6encia? De que maneira me verei livre então deste mal que me persegue? Então o padre voltou a lhe falar com uma surpreendente tarefa: A senhora vai pegar uma galinha na sua casa, e vai depená-la aos poucos até não restar nenhuma pena e trazê-la até aqui.

A pobre mulher mui surpresa foi para sua casa, acreditando no fundo que o padre havia ou enlouquecido ou estava a se divertir às suas custas. De qualquer

Maneira fez como ele havia mandado. Pegou uma galinha e andando pelas ruas pôs-se a depená-la. Quando já não restava nenhuma pena, voltou ao padre. Este satisfeito, disse-lhe: _ Agora a senhora vai retornar pelo mesmo caminho e vai ajuntar todas as penas e colocá-las aqui, neste saco, sem faltar nenhuma.

_ Mas padre, isso é impossível! As penas são leves e com o vento a estas horas não se encontram mais onde as deixei, nunca poderei juntá-las!

Então, o padre calmamente tomou a palavra e lhe deu uma grande lição: _ Sim, a senhora tem razão. O que está feito não pode ser desfeito: nunca se pode inteiramente voltar atrás, todas as vezes que a senhora espalhou ou ajudou a espalhar um boato sobre a vida de alguém, fez como quem espalha as penas leves por aí, nunca mais poderá juntá-las. Quando a senhora fala de alguém para uma, duas ou dez pessoas, a senhora na verdade está falando para dezenas, centenas, mulheres de pessoas, por mais

que a senhora depois se arrependa nunca mais poderá consertar o que fez. Vá para casa, reflita bastante e toda vez que sentir vontade de falar para alguém mal de outrem, lembre-se desta experiência de espalhar pelas ruas as penas da pobre galinha. E lá se . esqueceria da lição do padre.

14/12/1988 – Há dias atrás eu escrevi neste livro-caderno, uma história para ilustrar de forma bem contundente o mal que faz o fato de existir em quase todas as pessoas o ato de “fofocar” a vida alheia. Agora, hoje, quase oito dias após, retorno para escrever sobre outro grande mal da raça humana: a covardia.

Por que será que as pessoas que mais julgamos corajosas nos decepcionariam a tal ponto quando diante de um fato no qual deveriam agir, tomar uma atitude, defender, simplesmente permanecem paradas, sem tomar nenhuma atitude e pelo contrário, contra todas as espectativas a atitude, a reação se volta justamente contra o ser que no momento mais necessitava de defesa? O medo é uma constante na minha vida, diversas vezes deixei de lado algo ou alguém que queria por medo. Covardia mesmo de lutar, mas, uma “coisa” tenho que ser sincera, sem falsa modéstia, nunca tolerei me calar, ficar inerte quando via à minha frente, um ato de injustiça contra outrem. Mesmo que essa pessoa não fosse lá muito do meu agrado. Detesto a injustica por menor que seja. É algo que me faz até perder o autocontrole. Lá no fundo do meu coração gosto de ser assim e peco a Deus que continue dessa forma porque há algo sempre de bom nos seres que procuram a Justiça seja em qualquer aspecto.

O medo que nos corrói é um câncer tão profundo que nos torna mal sucedidos em tudo, o sentido de tudo que foi criado por Deus se perde na covardia dos homens. A possibilidade do mundo se torna menor cada vez que o homem se toma de medo pelos acontecimentos ou pelas pessoas. O gosto da vida fica cada vez mais amargo. Os alimentos ficam intragáveis! Em cada canto se sente ou “pressente”um inimigo às ocultas. Vê-se inimigos em todas as partes. O medo é tanto por vezes que os ideais do aperfeiçoamento do homem é visto como uma utopia ufanista de algum louco jogado às pressas e por descuido neste Planeta. Deus certamente deve se sentir por vezes duvidoso se fez bem em ter colocado neste Universo um ser tão pobre de espírito o Seu sopro Espiritual na Alma deste ser em permanente queda... Porém, mesmo assim, devo admitir que mesmo os mais covardes por vezes surpreende-nos com atos extremos de Coragem. A própria história universal nos dá grandes exemplos de coragem!...Nomes? Há tantos, porém, aqui vão alguns: Ghandi, John Kennedy, São Francisco de Assis, D. Pedro I e outros. Sem falar do maior de todos: JESUS CRISTO!...

12/01/1989 – Novo ano, nova vida... Será? Não sei. Penso que enquanto houver vida há renovação. Renovação no sentir, agir, nas pessoas, nos animais, na natureza, em tudo, enfim...

Acontece que depois de tanto tempo vivido, parecendo por vezes séculos, eu volto a escrever aqui. Num outro momento mágico para mim, sim, porque para mim quando tenho uma caneta ou um lápis e começo a escrever, existe um mundo mágico de sentimentos em forma de palavras, frases, deixando sair de dentro de mim, a pessoa que se esconde por traz desta capa de ser imperfeito, de ser às vezes incapaz de superar obstáculo, dificuldades que surgem na história de cada vida, de cada homem ou mulher que existe neste Planeta velho e sempre cheio de novidades: Terra!...

Hoje, ou melhor, já faz algum tempo que eu tenho vontade de escrever sobre um sentimento que pulsa em mim: o Amor. Uma vez alguém me disse que eu amava o amor, se é verdade, creio que o amor é a pessoa em si, um animal, um objeto que se transforma ao nosso toque carinhoso, de significado especial que cada “coisa”nos aparece, nesta vida. Não acredito que possamos amar sem uma razão, sem um motivo. Pergunto-me o que poderá ter impulsionado Deus a nos criar, a nos inventar e olhe que quando digo – nós – refiro-me a tudo, a nós seres chamados humanos, como também os vegetais, os animais ditos irracionais, as coisas inanimadas, a tudo enfim. Eu quero, eu necessito despertar, colocar para fora de mim, os sentimentos de carinho, ternura, afeto, solidariedade por onde, eu for, por onde passar. Por quê? Respondo: assim me sentirei mais viva, mais gente. Tudo nesta vida se torna mais bonito, mais bem feito, quando levado pelo Amor. Não o amor puramente cheio de Paixão, de desejo, mas o Amor capaz de gestos de desprendimento, de constância, daquele que está para tudo, para o que der e vier. Afinal, penso que Deus quando permitiu que Seu Filho viesse ao mundo deu a maior prova de amor. E no próprio Livro diz que “qual o pai dá a seu filho uma pedra quando seu filho pede pão?” E eu pergunto, o que quer dizer essa frase? Claro que só pode ser Amor. Prova de que um pai por mais que erre seu filho sempre está disposto a se dar, a conceder o Perdão, a se doar, a se sacrificar e a matar a fome de seu filho, à custa do seu sacrifício íntimo, dando-lhe o último pedaço de pão, comendo em seu lugar a pedra, que o mundo sempre terá condições de dar lições de amor por mais que se apregoe por aí que não existe mais tão sublime sentimento. Eu, confesso, por vezes me sinto sem forcas, triste, mas quando olho ao meu redor e vejo mães estendendo seus braços, mendigando, dando o seu último pedaço de pão, para seu filho e ficando morrendo de fome em benefício dele, eu me envergonho de mim mesma de ter por um momento desacreditado na exist6encia do AMOR!...

Peco a Deus que sempre no mundo haja alguém com olhos suficientemente abertos para enxergar bem as lições de amor, as provas do carinho, da solidariedade que aram a terra para novos pés andarem por ela, confiantes de que ainda não é tarde: “que o sonho não acabou.”

Caso o amor não existisse, como explicar então o sacrifício de tantos pais pelos filhos? Como explicar a razão dos animais brincarem com seus filhotes, alimentá-los, ensinar-lhes a caçar? Como explicar o som da canção, a poesia da música? Como explicar a existência de nós seres humanos? Como explicar a mãe amamentando seu filho? Dando-lhe vida? Guardando-o por 7 a 9 meses no seu nos leva no ventre? Como explicar a razão do encontro do homem com a mulher? Como explicar os sonhos, os ideais? Como explicar as guerras? A paz? Enfim, como explicar a vida e tudo que ela contém? Seriamos e viveríamos por nada. Surgiríamos e iríamos para o nada.

16/01/1989 – Há quatro dias não escrevo nada aqui. Hoje vou escrever sobre algo que infelizmente muito acontece nesta vida: o desrespeito pela pessoa humana. Não se saber medir as palavras, não pensar nas conseqüências funestas que podem trazer as falas, os insultos que se diz a quem por um motivo ou outro e quer agredir, magoar. Há verdadeiramente nas pessoas o desejo: triste de jogar em cima do outro, os seus problemas, as suas frustrações, as suas ansiedades.

Neste mundo de meu Deus, os homens não aprenderam a se controlar. Num momento de raiva soltam palavras, frases que podem desde simplesmente levar o outro a ser indiferente até a se sentir mortalmente ferido. Por que isso? Será que o homem não entendeu ainda que ferindo o outro, magoando ele está também de uma forma, às vezes não clara para ele, se magoando também? Será que o homem não vê que às vezes naquelas que ele tanta confia podem de certa maneira surpreendê-lo? O homem deve ser coerente consigo mesmo. Se ele deseja a felicidade, a paz, o respeito pela sua pessoa, ele primeiramente deve dar alegria, respeitar o outro, procurar se conter para não dizer palavras, frases, que venham destruir o auto-respeito das pessoas, para não destruir a auto-confianca, a auto-determinacão e, principalmente o auto-controle daqueles que de uma forma ou de outra dividem o mesmo teto do universo. Tenho visto por aí muitas vidas que se destruíram pela simples menção de palavras que foram ditas num momento impensado em meio de uma “briga”. Isso vem acarretar para o indivíduo vários momentos de culpa, de desespero e, principalmente de arrependimento, que para piorar a sua situação não é visto pelas pessoas que foram magoadas por ela, desejo de perdão. O que isso leva?Simplesmente a pessoa se vê num abismo só, sem ninguém com desejo de salvá-lo, de lhe dar a mão.

Aproveito então agora, para dizer que o Perdão é o passo mais direto que nos leva ao Paraíso. Você pode até achar engraçado eu falar em Paraíso, eu falo aqui no desejo de que todo ser humano tem de um dia alcançar a plena Felicidade.

Por isso tudo, eu digo que todo ser humano deve antes de tudo procurar conhecer a si próprio e daí conhecer o mundo, amando os seus pontos positivos, procurar se aperfeiçoar nas suas imperfeições e daí ele poderá aceitar o outro tal como é, e ajudar na sua melhoria como ser humano co-participante desta vida sobre este planeta Terra.

E falar em Terra, quero fazer uma pergunta, você já notou que nós vivemos num lugar que mais tem água do que terra propriamente dito? E isso é uma questão que vem nos dar o maior exemplo de que esta vida é cheia de contradições. Quando nós paramos e olhamos a nossa volta, sentimos, isso eu creio, em sã consciência, de que as contradições são as melhores “coisas”da vida. Quer um exemplo? O homem e a mulher, você já notou que estes dois seres tão diferentes se completam tão bem? Não? Pois então pare para ver, para sentir: eu, sendo mulher sei muito bem que não existe coisa melhor do que se defrontar com um homem. Quer saber como? Coloque em comparação o seguinte fato: o homem é o ser dito forte, a mulher o sexo frágil. Eu então lhe pergunto: qual dos dois é mais resistente à dor? Qual é o que tem mais presença de espírito diante de uma tragédia? Você dirá que depende. Mas eu lhe respondo sem medo, a mulher nos dois pontos acima leva vantagem. Pense bem. O homem quando sente uma pequena dor geme, faz um estardalhaço daqueles. Você não acredita? Então me diga: você já pensou num homem grávido? Não? Imagine. Seria ele capaz, impaciente do jeito que é, guardar por 7 ou 9 meses um ser dentro dele? Agüentaria ele, trabalhar horas e horas numa casa, fazendo todo tipo de serviço, com uma barriga enorme? Eu creio firmemente que não.Você ainda está em dúvida? Então, pergunte e responda a si mesma: você já viu um homem desesperado diante de um fato qualquer? Ele toma qualquer atitude? Quem geralmente o leva a tomar uma atitude quando se sente fraco, sem forcas? Penso que, depois de todas essas perguntas respondidas, você estará, mais do que convencida de quem é o mais forte nessa “guerra” dos sexos, onde não há vencido ou vencedor, mas que há uma perfeita ou quase perfeita harmonia entre esses dois seres, em que um encontra forca no outro, pois enquanto num existe a forca física, inteligência, bons propósitos, no outro existe a forca maior do espírito, senso de responsabilidade, argúcia, astúcia e boa vontade para levar avante os bons propósitos do outro ser que lhe completa e lhe faz falta como o perfume que completa a flor que desabrocha no jardim...

18/01/1989 – Não quero com isso, atiçar a disputa que existe, quase naturalmente, entre os seres de ambos os sexos. Não, pelo contrário, desejo demonstrar de forma irrefutável que um precisa do outro, um completa o que no outro falta. Daí a necessidade urgente deles entenderem de uma vez por outra que precisam procurar se conhecer um ao outro para que se amem e se entendam de uma vez por todas, afinal, os dois sozinhos não tem tanta graça quanto juntos. Deus os criou, acredito piamente, porque pensou assim: 19/01/1989 - o amor... pleno poder do sol na terra, iluminando os seres que vivem sempre a procura de uma emoção que os eleve até ao céu do universo estrelar.

Amor, sentimento vivo que rejuvenesce o ser, que transcende a terra, o físico para chegar ao terreno espiritual... Esse sentimento não perece nunca porque para ele só existe o entrelace do sonho com a realidade, do desejo com o fantasticamente pensamento de que o que acontece é a real condição da vida, porque para os seres amantes o hoje se considera no amanhã, para que o futuro permaneça no passado como um passo a mais na caminhada da estrada da vida que tem um só fim: o espalhar da Boa Nova que nasce em cada ato humano transmitindo a todos que o Amor existe hoje, amanhã e sempre!

Todas estas “coisas”que foram ditas aqui sobre o Amor nasceram dentro de mim num momento em que eu estava consciente de que amo o amor por toda a vida. Você pode acreditar!

20/01/1989 – O amor à vida nos leva sempre adiante, qualquer que seja o tipo de amor, desde que esse sentimento seja puro e verdadeiro.

Eu só não faço distinção muito grande entre um amor de um pai por um filho, como de uma mulher por um homem. O que existe de diferente é a forma de demonstração, porque na essência, o amor é um só, quer dar alegria, proporciona momentos de máximo prazer, onde não haja um só motivo de queixa, de mágoa, proporcionar ao ser amado a felicidade de se sentir querido, de grande valor.

Assim, vejo o amor sentimental, físico, espiritual, ... só assim poderemos preparar o verdadeiro Paraíso terrestre prometido e resgatado...

23/01/1989 – Tudo passa...

A tristeza, a alegria...

30/01/1989 – Ainda a pouco eu estava pensando no fato de que às vezes não sabemos nem mesmo o que queremos. Num certo momento pensamos que gostamos de alguém e aí de repente nós nos sentimos atraídos por outra pessoa e ainda existem momentos em que ficamos querendo encontrar alguém que sonhamos, imaginamos.

Comigo já faz muito tempo que sonho com alguém que não sei quem é. Não sei nem se existe. É incrível! Só o que me lembro é que essa pessoa pode ser loira, morena ou mesmo até negra, só uma coisa não muda, a cor de seus olhos, sempre são azuis. Sempre são azuis. Hoje, quando saí para ir ao correio, encontrei um rapaz com os olhos dessa cor. Lembrei-me imediatamente do homem dos meus sonhos. Mas isso já aconteceu diversas vezes, recordo a vez em que vi Lourival, e o quanto me senti surpresa e emocionada. Seus olhos são exatamente do jeito que me aparece nos sonhos. Já há algum tempo eu gosto de uma pessoa, e sinto vontade de amá-la. Mas agora, neste instante me sinto confusa. Há uma mistura de querer que não chego a nenhuma conclusão. Por que será que os sentimentos se confundem? Como podemos nos interessar por uma pessoa que nunca vimos? Apenas escutamos sua voz. Isso são perguntas que me acompanham já por diversos dias. Acredito que só o tempo irá me responder.

É. Estou aqui e não sei mais o que fazer, a não ser deixar o tempo passar, a vida correr, para não me sentir mais machucada na vida, ou melhor, com as pessoas do que já me sinto.

Eu tenho um amigo que gosta de dizer: “Vamos, que vamos!” É, ele tem razão. Não adianta ficar chorando pelo leite derramado, “nem mesmo preso ao que passou, o que devemos é tirar do que passou uma lição para na próxima não cairmos nos mesmos erros, ou na pior das hipóteses, se cair, ter forcas para levantar.

É isso que venho fazendo desde “quando me entendo por gente”, como dizia minha avó Lilia. Porém, uma coisa eu gostaria que acontecesse: o meu reencontro com Armando para que as dúvidas que persistem na minha cabeça, deixassem de existir.

Será que ainda terei essa chance? Já faz mais de cinco anos que o vi pela última vez. Eu peco a Deus que aconteça um encontro para que possamos nos falar e eu fazer a pergunta que existe dentro da minha cabeça: Por quê?... Minha vida continua a ir para onde, não sei, mas vira e meche lá eu volto a sentir a angústia de antes, é como se houvesse dentro de mim uma ferida e que de vez em quando o cascão sai, sem a ferida estar totalmente cicatrizada...

Como depois de tanto tempo, posso ter dentro de mim uma esperança tão teimosa? Será que eu sou tão “burra”que não me convenço nunca de que tudo já teve o seu fim, que não vale a pena ficar lembrando de algo que já deixou de existir, e que só vive dentro da minha “cachola”?

Eu queria tanto deixar de sentir o que até hoje sinto quando paro para lembrar de tudo! Mas o máximo que consigo é deixar um remédio para minorar a dor por um longo tempo. A minha esperança é que com o correr do tempo, mais cedo ou mais tarde, eu o esqueça. Mas até mesmo essa esperança tem diminuído, pois eu consigo gostar de outras pessoas, mas não totalmente, pois é só me afastar dessas pessoas, e a lembrança dele volta com mais forca e ultimamente é um pensamento constante... Porque acredito que já são passados os anos que eu sonhei de que nós nos afastaríamos e agora na minha cabeça há a expectativa de que a qualquer instante eu vou vê-lo. Peco então a Deus que se isso é para acontecer, que não demore muito, porque não sei se vou resistir a tanta “pressão”.

31/01/1989 – Como os sentimentos mudam de um dia para o outro! Afinal, prova maior da diferença das horas, dos momentos que vivemos é que existe a madrugada, o tempo tranqüilizador, o instante em que tudo se torna mágico e transformador dos nossos sentimentos, das nossas emoções. Não é que de repente tudo tenha deixado de existir, mas é que há como eu disse já antes, uns espaços de tempo de tranqüilidade, de compasso de espera. A angústia diminui e dá chance para novas alegrias, novos motivos de esperança e eu procuro aproveitar o máximo para ter forcas e resistir a novas e inevitáveis investidas das velhas e novas angústias e expectativas.

12/02/1989 – Aqui estou novamente escrevendo tentando transmitir, ou melhor, deixar sair de dentro de mim o que não pode ser descoberto. Eu estava ainda agora imaginando o que deixaria impresso aqui e pensei que o melhor seria dar liberdade ou seja, pegar a caneta e escrever, sem reprimir. O que acontece mesmo comigo? Estou hoje num daqueles dias tristes. Há algum tempo isso vem acontecendo comigo. Não consigo inteiramente deixar a tristeza ir embora. Por que será? Eu tenho mil motivos para me sentir diferente, estou neste período em férias relativas, pois mesmo que eu tenha que ir ao colégio, eu ainda não estou ministrando aulas. Continuando o que estava escrevendo, estas férias foram ou estão sendo boas. Diverti-me muito, muitas coisas aconteceram, pulei até carnaval! Conheci pessoas novas. Mas mesmo assim há aquela sensação de angústia que me acompanha.

Eu fico imaginando os motivos, será que no fundo, não é por que eu não gosto de alguma coisa em mim? Você pode até se perguntar. “Como não foi ela que falou que ama a si própria?” Sim, fui eu. E persisto: eu gosto de mim, só que há sempre em nós um motivo de desgosto, por qualquer característica que nós temos e não gostaríamos de ter ou ser. É compreensível isso? Claro que não é de todo. Mas devemos nos lembrar que nós, seres humanos, somos contraditórios. Em certos momentos estamos rindo, e em outro, chorando. Às vezes pensamos que gostamos de alguém e de repente descobrimos que o sentimento por aquela mesma pessoa não é bem o que pensávamos e, assim vai...

Eu, até bem pouco tempo, tinha certeza que a pessoa que namoro, eu gostava, mas só que agora surgiu alguém que me fez duvidar um pouco da profundidade do meu gostar. E não é só isso, às vezes duvidamos até mesmo do que somos, do tipo de pessoa que somos. Eu, confesso, por vezes infindas, eu fico me perguntando se eu sou essa Lucinda que eu demonstro, ou se existe uma outra bem diferente. Eu me sinto às vezes como uma caixinha de surpresa, que à medida que o tempo vai passando, vai encontrando coisas e mais coisas. Como se não houvesse nela limites, não tivesse fim. Será que todos se sentem assim? Na verdade eu me coloco em situações tais que eu desejaria por vezes sumir. De repente não consigo me compreender e é claro, que nem as pessoas que me rodeiam. E me pergunto: “será que eu sou louca ou é a outra pessoa?” Será que eu falei ou fiz isso numa hora em que eu não estava em mim? As dúvidas são demais... Elas por vezes nos pesam tanto, que até mesmo o amor que sentimos pela vida é abalado nas suas estruturas. Não que eu deseje propriamente a morte. Não. Há apenas aquele desejo enorme de sumir por uns tempos, viver sem ser vista, fazer com que as pessoas não sintam sua presença para não ser incomodada e nem incomodar. É isso, às vezes eu sinto que estou sendo demais, que eu não deveria estar perto de tal pessoa, porque ela não deseja me ver, eu a irrito, e o sentimento de rejeição vem... É o pior sentimento que pode existir na face da terra é se sentir rejeitada. Há uma espécie de revolução dentro de nós, que nos abala tanto quanto um terrível terremoto numa localidade de distância de mil raios abala.

Eu, quando me sinto demais, em qualquer lugar, eu procuro me sair, me colocar longe, bem longe. Depois procuro saber o motivo da rejeição ( quando dá ).

Eu não me sinto bem como qualquer outra pessoa não se sente bem num ambiente onde não exista diálogo, por isso sei muito bem, que em tudo há uma explicação simples e direta, depende a pessoa querer, e nós devemos por todos os motivos de sobrevivência, procurar o momento certo para saber as razões da rejeição ( mas não inventar ). De repente, para sua surpresa pode ser uma impressão. Pode ser que não sejam as pessoas lhe rejeitando e sim você mesma. Então, procure dentro e fora de você os reais motivos de tal impressão.

23/04/1989 – Cá estou eu novamente. Ainda agora escrevi algo sobre a vida no meu segundo caderno preto. Não irei transcrevê-lo aqui porque senão um seria cópia do outro e eu desejo que cada escrito seja de um determinado lugar e original. Mas posso aqui tentar continuar a falar sobre o tema: a vida. Há dias em que eu estou melhor, com mais coragem do que em outros. Agora estou passando por certas situações que não me deixam senão desestimulada mas com mais preocupações. Não somente no meu campo profissional como também na vida pessoal, para ser mais objetiva: na área afetiva.

É verdade que estou com alguém já quase um ano, mas dentro de mim há tantas dúvidas! Entre elas é o que essa pessoa sente por mim. Acredito que todas as pessoas se questionam a respeito dos sentimentos dos outros por si. Eu já por muitas vezes me senti presa emocionalmente a alguém, mas agora tenho mais dúvidas, primeiro porque estou mais madura. Não só de idade, afinal irei completar daqui mais uns meses irei completar 33 anos e é claro que já por ter passado por tantas experi6encias, que para muitas pessoas não é muito, contudo para mim são um bocado, se principalmente levar em conta que deixei de “viver” muitas coisas não só por pressões de outras pessoas, mas por mim mesma, eu muitas vezes me leve a desistir de continuar, de passar por certas experi6encias, de viver a vida tal como se apresentava, de tentar me relacionar com certas pessoas mais profundamente, devido a causas diversas, dentre elas: o medo. Sim, eu fui uma pessoa muito medrosa, muito cheia de certos complexos, que me levaram a tomar decisões extremas, que me fizeram por outro lado ser mais cautelosa, ou mesmo desconfiada, não só com as coisas mas principalmente com as pessoas. Daí hoje em dia, eu ter certas dúvidas, que na cabeça de alguém são incompreensíveis. Muitas vezes eu discuto certos aspectos da vida levada por certas experiências e que as pessoas se surpreendem e dizem: “Como você?! Eu nunca pensei que você pensasse assim! Não, não posso acreditar que és tu que estás a me falar isso!”

E assim vai. É, se eu fosse um dia relatar o que passei e o que não passei! Às vezes em que eu mesma me fechei a porta aberta, muitas pessoas talvez não se surpreendessem tanto com as minhas atitudes, com as minhas incertezas!...

E agora, eu estou numa fase em que procuro me dar chances de viver o que até então me neguei a viver. Por vezes eu sinto que estou me colocando em situações diferentes, difíceis. E o máximo que faço é pedir auxílio da proteção do Pai. Nele eu creio, tenho fé, confio. E tenho que reconhecer: se muitas vezes não passei por situações difíceis, não suportei coisas piores, é porque Ele ajudou, ou mesmo impediu. Não falo aqui em experiências de namoro, mas em tudo. No trabalho, na rua, no lazer, enfim em todas as circunstâncias da vida. Eu me acho uma pessoa de muita sorte, mas não dessa sorte tola que se fala de jogo, mas aquela que provêm de Deus, que se pode e deve chamar de Graça.

O momento agora que estou passando eu estou novamente ( e como sempre acontece ) pedindo-lhe para me ajudar. Se bem que eu sei que eu tenho que fazer a minha parte, não posso, aliás não devo, simplesmente ficar esperando as coisas caírem do céu, eu mesma tenho que procurar a saída e indo com Fé em Deus que tudo sairá da melhor maneira.

Eu creio que poderei mais dia menos dia, descobrir ( sentir? ) o que eu e meu namorado sentimos um pelo outro, se a nossa relação é para o resto da vida ou só por um tempo, se há amor ou só simples paixão...o tempo dirá, mostrará...

O amor! Ah! O amor! Tão deturpado! Tão feiamente mostrado! Tão explorado! Tão sem Deus no seu trajeto humano por vezes!

O amor é parte de Deus! Em sua essência é o maior sentimento que existe! O amor é vida! É sonho tornado realidade! É poder! É forca que nos leva adiante! É surpresa de um dia maravilhoso que nasce e renasce da madrugada, depois de uma noite de fantasias belas que povoam nossas mentes para o descanso do corpo trabalhador! O amor é tudo! É meu, é teu, é nosso! Enquanto quisermos e pusermos em ação atitudes de irmão, de mãe, de pai, de esposo, de esposa, de filhos, de amigos!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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