domingo, 8 de dezembro de 2013
1948-1994: a África do Sul sob o regime do apartheid
Primeiro presidente negro da África do Sul, Mandela ganhou Nobel da Paz em 1993
Joanesburgo - A África do Sul foi governada pela minoria branca durante mais de três séculos e viveu durante 46 anos sob o regime do apartheid antes da chegada ao poder de Nelson Mandela, em 1994. Confira os principais fatos:
1948: Vitória nas eleições legislativas do Partido Nacional (NP), defensor da minoria afrikaner (descendentes dos primeiros colonos holandeses). Uso oficial da palavra apartheid (palavra afrikaans que significa "viver separadamente"). O governo passou a institucionalizar uma política baseada no "desenvolvimento separado das raças", que oficializa a segregação que existe desde o século XVI.
1949: Proibição dos casamentos mistos. As relações sexuais fora do casamento entre brancos e negros eram proibidas desde os anos 1920.
1950: Adoção de leis raciais consideradas os pilares do apartheid. A lei de classificação ("Population Registration Act"), define três grupos raciais (brancos, negros e mestiços). A lei sobre moradia separada ("Group Areas Act") atribui aos sul-africanos um local de residência de acordo com suas raças.
As leis sobre a terra ("Land Acts") atribuíram aos brancos desde 1913 a propriedade de 87% das terras. As 13% restantes, destinadas aos negros, eram divididas em reservas (que mais tarde seriam chamadas bantoustans).
Proibição do Partido comunista sul-africano (SACP).
1952: Lei do "pass", que obriga os negros a terem um passe para circular dentro do país.
O Congresso Nacional Africano (ANC, siglas em inglês, criado em 1912) lança uma campanha de desobediência civil.
1953: Adoção de uma lei sobre locais públicos separados ("Reservation of Separate Amenities Act"), que define as regras do apartheid no dia a dia.
1957: Lei sobre a imoralidade, que proíbe relações sexuais entre pessoas de raças diferentes.
1959: Criação do Congresso pan-africano (PAC) por dissidentes da ANC.
Criação dos bantustões para negros (rebatizados "homelands" em 1971)
1960: A polícia atira em manifestantes negros que protestam contra os "pass", deixando 69 mortos.
Proibição da ANC e do PAC. A oposição negra entra na clandestinidade.
1961: Criação de Umkhonto weSizwe (MK), "Lança da Nação", braço armado da ANC. Início da luta armada.
1964: Nelson Mandela, preso em 1962, é condenado à prisão perpétua por sabotagem em conspiração contra o Estado, junto com outros dirigentes da ANC, como Walter Sisulu e Govan Mbeki.
1976: Manifestações violentas em Soweto e outros guetos negros. Milhares de alunos de colégios negros protestam contra a obrigação de ensino do afrikaans (575 mortos em três meses).
1977: Steve Biko, fundador do Movimento da Consciência Negra, morre na prisão.
1978: Pieter Botha assume o cargo de primeiro-ministro. "Temos que nos adaptar ou morrer", afirmou o político em um alerta à comunidade branca. No início da década de 1980, ele iniciou uma reforma política "de pequenos passos".
1983: Criação da Frente democrática Unida (UDF, nas siglas em inglês) coalizão anti-apartheid liderada pelo arcebispo anglicano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz.
1984: Pieter Botha assume a Presidência do país. Uma reforma constitucional instaura três parlamentos separados (branco, mestiço e indiano). Os negros, majoritários, seguem excluídos do sistema parlamentar, o que provoca uma onda de protestos nos townships.
1985: Pieter Botha anuncia a instauração de uma sociedade "pós apartheid". Abolição da lei sobre imoralidade "Immorality Act".
Início da guerra entre a ANC e seu rival negro, o partido da Lubertade Inkhata (IFP), da etnia zulu, liderada por Mangosuthu Buthelezi: 12.000 mortos em dez anos.
1986: Abolição das leis sobre os "pass" e diminuição progressiva da discriminação nos locais públicos. Instauração do estado de emergência e todo o território devido a protestos violentos.
1987: Abolição das leis raciais nas minas, que vigoravam desde 1911.
1989: Pieter Botha se reúne com Mandela em sua residência da Cidade do Cabo. Frederik de Klerk sucede Botha na presidência, depois de meses de crise política. Ele se compromete a criar "uma nova África do Sul", sem discriminação racial. Anuncia o fim do apartheid nas praias.
Liberação de Walter Sisulu e de outro seis membros da ANC.
1990: Legalização da l´ANC, do PAC e do SACP.
Nelson Mandela é libertado em 11 de fevereiro, depois de 27 anos de detenção. O estado de emergência é cancelado. Abolição da lei sobre locais públicos separados. De Klerk e Mandela iniciam um processo de negociação. ANC suspende a luta armada.
1991: Abolição as últimas grandes leis raciais: leis sobre a terra, sobre a moradia separada e a classificação da população. Fim oficial do apartheid em 30 de junho de 1991. Inicio do cancelamento das sanções internacionais. Mandela é eleito presidente da ANC.
1993: De Klerk e Mandela recebem o prêmio Nobel da Paz.
1994: ANC vence com folga as primeiras eleições democráticas do país e Nelso Mandela torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário