Retirado do facebook- São Luis de nossas lembranças
Curiosidades Antigomobilísticas
Era novembro de 1905, quando Joaquim Moreira Alves dos Santos, Nhozinho Santos como era chamado pela família e pelos amigos, trouxe da Inglaterra o primeiro automóvel com motor a explosão que trafegou pelas ruas e ladeiras de São Luís.
Circulando a notícia do que se encontrava a bordo do navio surto no ancoradouro da Beira-Mar, a maioria dos ludovicenses acorreu àquele logradouro para assistir o desembarque da grande maravilha tecnológica surgida na Europa no final do século XIX. O automobile, em português brasileiro, automóvel.
Esse automóvel era um Speedwell, fabricação inglesa, modelo Phaeton (un open touring car ou um carro descapotável para passeio), de quatro lugares, equipado com motor De Dion Boutton, monocilíndrico, de 16 HP, a gasolina. O veículo estava acondicionado em duas caixas de madeira.
Uma com o chassi e a outra com a carroceria.
Concluída a montagem do carro no próprio navio, o Capitão dos Portos proibiu terminantemente o desembarque, sob a alegação de que não havendo ninguém habilitado para conduzir essa máquina, vários acidentes poderiam ocorrer.
O que fez Nhozinho Santos? Apresentou àquela autoridade, três “Carteiras de Chauffeur” resultantes da sua aprovação nos exames que prestara em Portugal, França e Inglaterra.
Revogada a ordem, já estando o carro no cais, Nhozinho Santos assomou ao volante, deu partida no motor e seguiu pelas ruas da Praia Grande. Comerciantes e empregados dos armazéns deixaram seus afazeres e sob aplausos, saudavam a passagem daquela “carruagem sem cavalos”.
Otaciano (Otácio) Machado da Silva e Sebastião Raimundo dos Santos, funcionários da Fabril, foram selecionados pelo patrão Nhozinho Santos para aprender com ele a dirigir um automóvel.
Nhozinho Santos estudou em Portugal e na Inglaterra, formando-se Técnico em indústria têxtil na cidade de Liverpool. Em São Luís recebeu o título honorífico de coronel da Guarda Nacional. Foi cônsul dos Estados Unidos, comerciante e industrial de expressão. Assumiu a direção dos negócios da família em virtude do falecimento prematuro de seu pai, o emigrante português Crispim Alves dos Santos, único proprietário da Fabril a partir de 1896, titular da casa comercial Crispim Santos & Cia., diretor e principal acionista do Banco Comercial e Hipotecário do Maranhão e da Companhia de Seguros Maranhense, co-fundador da Companhia Telefônica do Maranhão, vice-presidente da Associação Comercial do Maranhão, procurador e benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, vice-cônsul de Portugal e cônsul da república da Colômbia.
1908 - Chegada de dois automóveis Peugeot. Um para Nhozinho Santos e o outro para José da Cunha Santos Guimarães;
1912 - primeiro acidente de trânsito (17 de janeiro);
1912 - segundo acidente de trânsito (24 de dezembro);
1912 - inaugurada a primeira empresa de ônibus (J.A.Bastos);
1913 - primeira Lei de Trânsito (n°.185, de 17 de fevereiro);
1913 - instalação da primeira Oficina Mecânica (15 de fevereiro), no quintal do Seminário de Santo Antonio, pelo senhor Georges Guinard, engenheiro construtor da armada francesa, diplomado pela Escola de Artes e Ofícios de Paris;
1914 - primeiro atropelamento com morte da vítima (l7 de abril)
1914 - primeiro exame para condutores de automóveis. “Nomeados examinadores os cidadãos, coronel Joaquim Moreira Alves dos Santos e o engenheiro eletricista Antonio Nogueira Vinhais (06 de maio), ficando designado o dia 07 do corrente mês, às 9 horas, para início dos respectivos trabalhos”. Foram aprovados 66 candidatos;
1930- 20 chauffeuses encontravam-se habilitadas para dirigir automóvel, sendo pioneiras as senhoras Graça de Freitas Jorge Martins, Maria José (Zezé) de Freitas Jorge, Albertina de Viveiros Marques, Maria Benedita F. Gomes e Zélia Andrade Martins. Anne Isler, cidadã americana, esposa de Mr.Isler, administrador da Ullen Management Company, conseguia subir com facilidade a íngreme ladeira da “Montanha Russa”, em sua baratinha Ford 1929 apesar do curso da gasolina do tanque para o carburador ser impulsionada por gravidade;
1939 - na frota automotiva de São Luís predominavam veículos made in USA;
1944 - primeira viagem interestadual. São Luís para Fortaleza, via terrestre, pelo caminhão placa 415, de propriedade de João Azevêdo;
1946 - começaram a chegar a São Luís, veículos pós-guerra, fabricados na Europa e na América do Norte (Estados Unidos e Canadá);
1948 - a Polícia Civil comprou moderna camionete-prisão marca Ford, Modelo F-1, logo apelidada de “Chiquita Bacana”, em alusão à modinha de sucesso lançada no carnaval daquele ano;
1949 - Amélio Smith inaugurou um serviço de DELIVERY, isto é, entrega de encomendas através de duas Station Wagon da marca Standard Vanguard. Na parte externa das camionetes estava pintada a sigla S.E.U. (serviço de entrega urgente). Fone 11-12; Carlos Pindobuçu Santos (Oldsmobile modelo 88, placa 11-11); Manuel Gonçalves dos Santos Silva (Dadeco) (Chrysler Windsor); Sebastião Raimundo dos Santos (Mercury); Justino Serejo (Nash Ambassador) Valter Fontoura (Hudson Commodore), Vicente Serêjo Dias (Kaiser) eram proprietários dos mais reluzentos “carros de praça” da cidade de São Luís.
A década de 50 merece destaque especial no que diz respeito à nossa frota automotiva que cresceu, significativamente, em relação ao passado. Havia automóveis de muitas marcas. Algumas, até então desconhecidas por estas plagas. Também cresceu o interesse de senhoras e senhoritas para aprender a dirigir automóvel. O motorista profissional Jacinto França era o instrutor mais requisitado para desempenhar esse mister.
Nessa época, dirigiam automóveis as jovens Mary Jorge (Packard conversível), Maria da Graça Jorge Martins (Dodge Fluid Drive), Ruth Archer (Chevrolet conversível), Teresa Bello (Chrysler), Eliana e Heloisa Guimarães (Ford F-l); Eline Barros (Cadillac) Regina Gomes (Hudson) Fabriciana Mendes (Austin A-70); Ana Maria Aguiar (Plymouth Cranbrook); Elza Maria Aguiar Martins (Plymouth DeLuxe); Gipsey Penha (Standard Vanguard); Roselys Reis (Ford Custom); Mariana Godinho (Chevrolet Bel Air); Anna Maria Belo Ferreira (Chevrolet); Cléa Furtado (Chevrolet PowerGlide); Concita Mendonça (Hillman); Vicenir Costa (Chevrolet conversível); e Maria Lucinda Sales (Oldsmobile).
E as senhoras Maria de Jesus Carvalho Branco Ribeiro (Pontiac Chieftan, coupê, com kit continental); Enei Santana (Ford Custom) Marú Pereira (Standard Vanguard); Ida Silva (Chevrolet StyleLine); Hildenê Meneses (Hillman); ( Santinha Furtado (Chevrolet Power Glide); Santinha Mendes (Cadillac conversível); Ilva Gomes Saldanha (Nash Rambler); Anica Aranha Vasconcelos (Ford Zephyr Six); Julinha Moraes Rego Borgneth (Studebaker Commander conversível); Iná Rêgo (Willys); Helena Moraes Corrêa (Mercury 51); Genú Moraes Corrêa (Mercury 52);
Na década seguinte, novas chauffeuses, dentre elas, Ana Lúcia Silva (Aero Willys); Maria de Fátima Silva (Chrysler); Marucha Aguiar (Plymouth); Ana Elvira Cunha Pereira (Chevrolet FleetLine); Lúcia Martins (DKW); Ana Margarida Jansen da Silva (Rural Willys).
No pós-guerra até início dos anos 60, também alguns jovens demonstravam destreza ao volante de um automóvel. Entre eles: José Evandro Barros (Austin Jensen conversível); Tenente Nélio Pereira (Studebaker); Tenente Nunes (Ford Custom); Tenente Coutinho (Kaiser); Maneco e Danilo Nunes dos Santos (Studebaker Pick Up); (Armando Castro (Hillman); Marcelo Sardinha (Opel Olympia); Michel Nazar (Hudson); José Teixeira de Araújo (Hillman); Jesus Gomes Filho (Standard Vanguard) Alfredo Penha (Standard Vanguard); José Saraiva (Jeep Land Rover); Godofredo, Celso e Mário Pires Leal (Nash Air Flite); Walter Dias (Chevrolet); Antonio José Jorge Martins (Dodge Fluid Drive); José Segundo e José Terceiro Borges (Chevrolet); Neon Oscar Pereira (Dodge); Francisco Aguiar Neto (Jeep Willys); José Frassineti Couto (Jeep Willys); Eduardo José Cunha Pereira (Jeep Willys); Gabriel Cunha (Buick); Eliézer Moreira (Ford Custom); José Gonçalves dos Santos Filho(Ford Prefect); José Marques (Frazer); Fernando Bello (Chrysler); Eraldo Guimarães (Ford F-1); Cláudio Macieira (Plymouth); José Eneas Frazão (Oldsmobile);Murilo Sarney (Pick UP Dodge Fluid Drive) ; Gastão Franklin da Costa (Dodge SW); Jorge Mendes (Chevrolet PowerGlide) Cleon Furtado (Chevrolet Power Glide); Antonio José Belo Ferreira (Chevrolet); Manoel Castro (Kaiser); Fernando Lima (Kaiser); José Antonio Itapary (Kaiser); Cláudio Vaz dos Santos (Kaiser);Tote Leite (Standard Vanguard); Luiz Augusto Rêgo (Willys); Samuel Viana Pereira (Jeep Willys); Joaquim Itapary (Hillman); Márcio e Marcelo Viana Pereira (Ford Custom); Miguel e Dionísio Nunes (Chrysler); Sérgio Moreira (Studebaker Commander); Cláudio Moreira (Nash Ambassador); Simão Feliz (Nash Ambassador); Zequinha Marão (Buick); José Manuel Martins e João Martins Neto (Plymouth); João Guy Martins (Studebaker); Antonio Carlos e Antonio Joaquim Vinhas (Studebaker); Jose, Carlos, Antonio e Raimundo Gaspar (Studebaker); Fernando Belfort (Triumph MayFlower); Paulo Abreu Filho (Cadillac); Sérgio Faray (Jeep Willys); José Maria Romão dos Santos (Dodge Fluid Drive); Jaime Santana (Ford Custom); Zezinho e Guilherme Fecury (Studebaker); Luiz Augusto e Luizinho Fiquene (Austin A-40); Zequinha Mendes (Austin A-70 conversível; Sérgio Santana Costa (Aero Willys); Eduardo Casal (Volkswagen); Fernando Casal Teixeira (Plymouth); João Carlos Belo Ferreira (Chevrolet); José Mendonça (Rural Willys); Hiltinho Paiva (SIMCA Presidence); Cláudio Pinto Reis (Ford Consul); José Serra (Rural Willys); Fabiano Soares (Rural Willys); Railton Santos (Pick-Up Chevrolet); Francisco Gonçalves (Hillman) José Francisco Lobato (Fiat conversível); Cesar Moreira (Ford Zephyr Six) e Fernando Silva (Humber Hawk).
A Companhia de Aviação AERONORTE era proprietária de uma pick up inglesa marca Siddley Armostrong, cujo câmbio funcionava da seguinte maneira: primeiro se colocava a alavanca na marcha desejada para depois fazer a embreagem. Esquisito, não?
Numa época em que o automóvel ficava com o mesmo proprietário por um período de 5 a 10 anos, contrariavam essa “regra”, Antonio Arôso Mattos Pereira, Gentil Lopes Costa, José dos Santos Lima e Chiquinho Rocha, que trocavam de automóvel com assiduidade impressionante.
Na Praça João Lisboa, em frente à Mercearia Aliança ou ao Moto Bar, dependendo da posição do sol, J. Nascimento e seu sócio Valois faziam rifa de automóveis.
O lusitano Joaquim Lourenço trouxe de Belém do Pará, um ônibus com carroceria imitando um Zeppelin, montada sobre chassis de caminhão Dodge. As poltronas eram semelhantes a de avião.O coletivo era conduzido pelo seu proprietário, vestido numa farda nos moldes da usada pelos comandantes de aeronave civil. Com elegância, “seu” Joaquim conduzia aquele veículo lotado de passageiros que o utilizavam como digressão pelo centro e bairros da cidade.
Certamente por muitos já esquecidos, mas por mim sempre lembrados, gostaria de, ao final desta matéria, prestar sincera homenagem a Azevêdo, Piloto e Leôncio, integrantes da Guarda Civil e responsáveis pelo ordenamento do trânsito da cidade, homenagem que se estende a Francisco Cândido Maximiniano das Chagas e ao Major José Pereira dos Santos que durante muitos anos exerceram competentemente o cargo de Inspetor Estadual de Trânsito.
Fonte (FERNANDO SILVA, ex-presidente de Silva Linhares, S/A)
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