atualizado às 11h23

Alckmin sanciona lei que proíbe testes em animais para indústria de cosméticos

Em 2013, ativistas invadiram o Instituto Royal em São Roque e resgataram 178 cães usados em testes  Foto: Prefeitura de São Roque / Divulgação
Em 2013, ativistas invadiram o Instituto Royal em São Roque e resgataram 178 cães usados em testes 
Foto: Prefeitura de São Roque / Divulgação
 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta quinta-feira que promulgou o projeto de lei que proíbe testes em animais na indústria de cosméticos, higiene pessoal e perfumes. Segundo o governador, a fiscalização será feita pelo Estado, por meio da Secretaria de Saúde.
"Nos debruçamos sobre o tema, estudamos profundamente, inclusive a legislação internacional, ouvimos a entidade defensora dos animais, a indústria cientista, pesquisadores da Fapesp, veterinários, médicos, biólogos, enfim, ouvimos todo o setor e decidimos pela promulgação da lei", disse.
Para o governador, a legislação internacional também ajudou no debate, mas não foi o fator mais importante. "O fator decisivo é você proteger os animais, como deve proteger o meio ambiente, os mais indefesos. Aliás, é um princípio funcional não ter crueldade contra os animais. A legislação comparada, a legislação internacional. ajudou no debate e ouvir os setores envolvidos também,"  falou Alckmin.
Durante a declaração, o governador pediu a atenção do governo federal, para que uma legislação nacional fosse elaborada. "Entendemos que ainda se deve trabalhar por uma lei nacional, pois há métodos alternativos à utilização de animais, como testes in vitro e metodologia utilizando até computadores" falou.
Com a decisão do governador, São Paulo se torna o primeiro Estado a proibir o uso de animais na produção de itens estéticos.
Ativistas retiram animais de instituto
Ativistas invadiram, por volta das 2h de 18 de outubro de 2013, a sede do Instituto Royal, em São Roque, no interior de São Paulo, para o resgate de cães da raça beagle que seriam usados em pesquisas científicas. Mais tarde, coelhos também foram retirados do local. Cerca de 150 pessoas participaram da invasão. Ao todo, 178 cães foram retirados do instituto. O centro de pesquisas era alvo de frequentes protestos de organizações pelos direitos dos animais.
Os beagles são usados por ter menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos. Apesar de os ativistas relatarem diversas irregularidades, perícia feita no Instituto Royal não constatou indícios de maus-tratos aos animais. No dia seguinte à invasão, um novo protesto terminou em confronto entre policiais militares e manifestantes e provocou a interdição da rodovia Raposo Tavares. Quatro pessoas foram detidas.
Em nota, o Instituto Royal refutou as alegações dos manifestantes. "O instituto não maltrata e nunca maltratou animais, razão pela qual nega veementemente as infundadas e levianas acusações de maltrato a seus cães. Sobre esse ponto, o instituto lamenta que alguns de seus cães, furtados na madrugada da última sexta-feira, estejam sendo abandonados", diz a nota, acrescentando que todas as atividades desenvolvidas no local são acompanhadas por órgãos de fiscalização.
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Uso de animais em pesquisas ainda provoca polêmica
Marcelo Morales, coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) - órgão responsável pela fiscalização do setor -, afirmou que nenhum animal retirado do laboratório sofria maus-tratos ou tinha mutilações. De acordo com o médico, o instituto era acompanhado pelo Concea, ligado aos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Saúde, nos testes para medicamentos coadjuvantes na cura do câncer, além de antibióticos e fitoterápicos da flora brasileira, feitos a partir de moléculas descobertas por brasileiros. "Milhões de reais foram jogados no lixo e anos de pesquisas para o benefício dos brasileiros e dos animais também foram perdidos", disse o pesquisador.

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