Estação de esqui no Chile tem guias e instrutores que falam português.
Diária parte de R$ 407 em hotel 'simples'; turistas ficam em média 5 dias.
Os turistas brasileiros representam 65% do público atendido nos três hotéis da estação de esqui Valle Nevado, no Chile, durante a temporada 2013, entre junho e outubro. Dos 46 mil pernoites contabilizados pelos hotéis Tres Puntas, Puerta del Sol e Valle Nevado, quase 30 mil foram "nossos". Ao todo, o complexo recebeu 280 mil visitas este ano – entre pessoas que se hospedaram lá ou só foram passar o dia –, um crescimento de 20% em relação a 2012.
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Para atender bem os visitantes daqui, o local instalado na Cordilheira dos Andes tem guias e instrutores de esqui e snowboard que falam português – muitos também dominam inglês e francês. Segundo o diretor comercial do Valle Nevado, Ricardo Almeida, o mercado brasileiro é muito importante para o negócio, e se comunicar na mesma língua dos clientes é um diferencial que ajuda a entender as necessidades deles e a melhorar a qualidade dos serviços.
Na tentativa de atrair cada vez mais esse público, o complexou investiu em 2013 mais de US$ 750 mil (R$ 1,6 milhão) em campanhas de marketing e publicidade no Brasil, distribuídas entre veículos impressos, sites e TV a cabo.
E não é só na estação que cresce o número de turistas brasileiros. Segundo dados do Serviço Nacional de Turismo do Chile (Sernatur), o país concentrou 3,5 milhões de estrangeiros em 2012, sendo 385 mil (11%) brasileiros – um crescimento de 14% em comparação com 2011.
"Os turistas brasileiros gostam muito de neve e do Chile. Eles se entusiasmam quando aprendem a esquiar e querem repetir a experiência ano após ano. Em 2013, só não tivemos o aumento de brasileiros visto nas temporadas anteriores por causa do alto preço das passagens aéreas e da falta de disponibilidade de voos para cá", analisa Almeida, que acredita que esses problemas sejam apenas "circunstanciais".
No ano passado, dos 100 mil hóspedes e visitantes estrangeiros que foram ao Valle Nevado, 60% eram brasileiros. Em 2011, o local recebeu 44 mil pessoas de outros países, sendo 48% do nosso país.
O segundo lugar do ranking de estrangeiros no Valle Nevado em 2013 ficou com os chilenos (11% do total), depois vieram os americanos (10%), os argentinos (8%) e pessoas de outras nacionalidades (6%).
Diferentes perfis
Localizado a 35 km de Santiago, o Valle Nevado atende diferentes perfis de visitantes, de acordo com o diretor comercial. "Tem o turista que fica no hotel, desfrutando o que o resort oferece, as lojas e as pistas de esqui; existem os esquiadores chilenos ou estrangeiros que chegam de Santiago, passam o dia e vão embora; e há ainda aquelas pessoas que vão ao Chile para passar uma semana, aí ficam um pouco em Santiago, depois conhecem a praia, as vinhas e a montanha", explica Almeida.
Nas férias de julho, também há um volume maior de famílias, por conta das férias escolares.
A cada temporada, a maioria dos turistas passa, em média, cinco dias na estação. Para pernoitar, gastam-se a partir de US$ 185 (R$ 407) por pessoa no hotel mais "simples", o três estrelas Tres Puntas. No quatro estrelas Puerta del Sol, a diária mais barata custa US$ 220 (R$ 484); e no Valle Nevado, de cinco estrelas, a hospedagem mais em conta sai 300 (R$ 660) por pessoa.
Além dos hotéis, os turistas que chegam ao complexo de inverno têm a opção de ficar em sete condomínios que alugam apartamentos – há de 30 a 35 em cada prédio. Cerca de 10% dos imóveis nesses edifícios são de donos brasileiros, que voltam a cada temporada ou alugam o espaço, segundo Almeida.
Aulas de esqui e outros serviços
Para atrair os clientes, o Valle Nevado oferece aulas de esqui individuais e coletivas em três categorias: principiante, avançado e experiente. Também há aluguel de roupas e equipamentos de esqui e snowboard – segundo o diretor, metade dos brasileiros leva material próprio e metade aluga no local. Além disso, o complexo oferece transporte entre o Aeroporto Internacional de Santiago e a estação.
De acordo com os dados da temporada 2013 do Valle Nevado, foram vendidos 150 mil ingressos para atividades na neve, feitas 28 mil aulas de esqui e snowboard nas 45 pistas disponíveis, e somados 69 mil pedidos em seis restaurantes, quatro bares e dois pubs.
Em março, o complexo ainda inaugurou um teleférico fechado chamado "La Góndola", que tem 1 km de extensão e conecta o "térreo" da estação até o alto da montanha, onde há um restaurante. O projeto custou US$ 18 milhões (R$ 39,2 milhões) e tem, ao todo, 30 cabines com capacidade para seis pessoas cada.
O novo teleférico faz parte de uma área conhecida como "Curva 17", que inclui lojas de souvenirs e aluguel de equipamentos de esqui, minishopping, espaço para esquiar, lanchonetes, guarda-volumes banheiros e 500 vagas de estacionamento. O lugar – que teve um aporte de outros US$ 10 milhões (R$ 21 milhões) para ser estruturado – destina-se ao público que faz passeios de um dia e não fica hospedado nos hotéis do Valle Nevado.
Mais investimentos e planos para 2014
Desde 2009, o complexo de esqui já investiu US$ 35 milhões (R$ 76,3 milhões) em infraestrutura, segundo o diretor comerical. Até 2022, o plano é destinar mais US$ 115 milhões (R$ 250 milhões) para a construção de dois novos edifícios residenciais por ano e outras ampliações.
Para a próxima temporada, o Valle Nevado quer aumentar a oferta de tarifas promocionais, a qualidade das pistas e da neve, destaca Almeida.
"Também estamos interessados na Copa do Mundo, no Brasil. Provavelmente, vai haver um percentual de esquiadores que adiará a viagem para o fim de julho ou agosto para poder ver os jogos. Mas há muitos fanáticos por esqui e snowboard que devem vir durante o torneio, então queremos instalar telões nos bares e ter outras facilidades para que eles se divirtam aqui", revela o diretor comercial.
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