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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Parlamento Europeu concede prêmio Sakharov à paquistanesa Malala


A jovem paquistanesa Malala Yousafzai discursa antes de ser premiada pela Anistia Internacional, em Dublin (Irlanda), em 17 de setembro de 2013

A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, convertida em símbolo do direito à educação das meninas depois de ter sobrevivido a um atentado dos talibãs, foi premiada nesta quinta-feira com o prêmio Sakharov para a liberdade de consciência do Parlamento Europeu.

"Ao conceder este prêmio a Malala Yousafzai, o Parlamento Europeu reconhece a incrível força desta jovem mulher", afirmou o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, em um comunicado

Malala, de 16 anos, "defende com valentia o direito de todas as crianças de receber uma educação. Este direito que é negado com muita frequência às mulheres", acrescentou.

"Como amanhã, 11 de outubro, é o Dia Internacional das Meninas, gostaria de lembrar que 250 milhões de meninas no mundo não podem ir livremente à escola", acrescentou o parlamentar social-democrata alemão.

"O exemplo de Malala nos lembra nosso dever e responsabilidades sobre o direito à educação das crianças. Este é o melhor investimento para o futuro", acrescentou Schulz.

Na sexta-feira também é o dia em que será anunciado o prêmio Nobel da Paz, para o qual o nome de Malala figura entre os mais citados.

Os presidentes dos grupos políticos do Parlamento elegeram por unanimidade premiar a jovem adolescente, que sobreviveu milagrosamente a um tiro à queima-roupa na cabeça disparado por um grupo talibã no dia 9 de outubro de 2012 em Mingora (no vale do Swat, norte do Paquistão).

Malala se converteu desde pequena em uma fervorosa militante pela educação das meninas.

Desde os onze anos, descrevia em um blog, utilizando um pseudônimo, o medo que reinava em seu Vale e a impossibilidade de ir à escola nesta região controlada pelos islamitas talibãs de 2007 a 2009. 

Os talibãs do Paquistão, que seguem ameaçando a jovem, reagiram nesta quinta-feira ao anúncio do Parlamento Europeu e afirmaram que Malala não fez nada.

"Os inimigos do Islã entregaram este prêmio já que abandonou a religião muçulmana e se tornou laica", declarou à Shahidullah Shahid, porta-voz do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP).

"Ganha prêmios porque trabalha contra o Islã. os talibãs tomarão como alvo Malala tanto se estiver nos Estados Unidos quanto no Reino Unido", acrescentou este líder do TTP, um grupo islamita que luta há seis anos contra as forças de segurança paquistanesas.

O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, também elogiou Malala nesta quinta-feira, ao declarar que a jovem é um poderoso símbolo de esperança para as crianças do mundo.

"Para as 400 milhões de crianças que ainda vivem na extrema pobreza - incluindo os muitos meninos e meninas que não frequentam a escola - Malala é um poderoso símbolo de esperança", disse Kim.

"Ela não pode ser negada. Essas crianças também não devem ter negada uma boa educação e mais oportunidades na vida", acrescentou.

Malala é uma "mulher valente que inspirou o mundo com sua defesa incansável da tolerância e da educação das meninas de todo o mundo", completou Kim na inauguração da reunião anual do Banco Mundial.

Malala será convidada a receber o prêmio Sakharov no dia 20 de novembro em Estrasburgo.

Os outros finalistas para o prêmio eram o americano Edward Snowden e os bielorrussos detidos Ales Bialiatski, Eduard Lobau e Mykola Statkevich.

Snowden, o ex-consultor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) refugiado na Rússia, revelou a vigilância sistematizada dos Estados Unidos em escala mundial. Sua candidatura recebeu o apoio do grupo ecologista e da extrema-esquerda do Parlamento Europeu.

Ales Bialiatski, Eduard Lobau e Mykola Statkevich foram propostos em representação a todos os prisioneiros políticos bielorrussos e receberam o apoio do grupo dos antieuropeus.

O prêmio Sakharov para a liberdade de consciência, chamado assim em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, foi criado em 1988 pelo Parlamento Europeu como uma forma de homenagear pessoas ou organizações que dedicaram suas vidas ou ações à defesa dos direitos humanos e das liberdades.
AFP

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