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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quem somos, para onde vamos, se é que vamos


Se eu - que sou a mais otimista das pessoas - estou assim, imagine como devem estar as coisas. Se eu - que detesto ficar pra baixo - estou abaixo do rabicó da cobra, imagine a alegria em que devem estar os pessimistas e tristes de plantão, com tanta coisa boa para eles sofrerem acontecendo. Sim, porque não é o caso e claro que você também sabe que existem profissionais da tristeza, da melancolia, da depressão, tipo hipocondríacos, com mania de doença, mas estes em geral tiveram algum problema que as levou a ter esse transtorno. 

Olho para um lado, para outro, ando por aí. Ou estou atraindo, o que é possível, mas fico pasma e preocupada por perceber que, além de mim, e o que não ajuda nem um pouquinho a subir a moral, só estou vendo e ouvindo lamentos, inclusive de quem nunca passou, que eu soubesse, por problemas. Não digo só aqueles problemas que todo mundo tem; nasceu, tem. Tipo família, saúde, amores perdidos, desilusões, unha encravada, azia.

Falo de outros, que não são manias, mas realidade. E uma realidade que vem sendo imposta , enfiada goela abaixo, coisas que atingem a todos, mas alguns - como estão se "dando bem" no momento - ainda não os percebem, ou se fazem de desentendidos. Se bobear, ainda zombam. Tem gente que só vê as coisas quando estas estão em suas próprias peles, e isso pode ser bem perigoso, porque vistos tarde demais. Com a água já no pescoço.

Muito disso tudo que passamos, quem não acompanha não tem ideia, tem a ver com a política. Fora ver cada tropeço maior do que outro, ilusão sendo vendida em gotas e bolsas para tudo que é corretinho e tentando nos fazer de antidemocratas de direita porque apontamos as insanidades, a presidente falando uma bobagem atrás de outra em seus embaralhados discursos, as medidas tomadas já nos atingem diretamente. 

Quer ver só alguns exemplos? Como é que alguém pode pagar o IPTU imaginado por esse prefeito que São Paulo arranjou, infelizmente eleito, e que veio junto, no pacote, com uns vereadores de quinta categoria e secretários municipais que não têm estofo nem para ir brincar lá no parque, quanto mais cuidar de uma cidade tão complexa? Quem aí teve 30% de aumento de ganhos? Fora isso, qual é a do Mané querer arrumar o cofrinho do porquinho às nossas custas? E os serviços, jacaré? Quando chegam? Se você está em São Paulo, não preciso descrever os buracos das ruas, bueiros abertos e entupidos, lixo para tudo quanto é lado, descaso por tudo quanto é canto, assassinato frio da lei da Cidade Limpa? Serviços? Tudo nojento, os ônibus que circulam nas impostas faixas "exclusivas" pintadas a mão com vidros que você não consegue nem ver do outro lado, imundos. Fiscalização correndo sempre com um "por fora". Já precisou? 

Experimente. É de se arreganhar todo, sabe o quê, não?- como descreveria minha musa e filósofa Dercy Gonçalves com propriedade sem igual. 

Abrindo o leque: andou vendo o preço das coisas? O que aconteceu nos últimos dois anos para os aluguéis e preços de imóveis atingirem esse patamar? Desculpe a ignorância, mas quem é que está medindo a inflação? Qual supermercado frequenta, qual feira frequenta, qual açougue? A gente precisa saber para ir lá comprar também. E as leis e decretos? Viu o número de empregadas domésticas desempregadas depois que alguém tentou protegê-las jogando pacotes kamikazes dentro das casas? Está vendo como de tanto incentivarem carros e carros estamos morrendo por poluição ou paralisados perdendo tempo nos congestionamentos? Acho que esses caras fugiram da escola justamente nas aulas de física, matemática, biologia...Ah,claro, das aulas de português também!

Estou sabendo: grande parte do desconsolo vem da falta de recursos, só para aproveitar e "tucanar" a dureza total. Mas vejam que não estou falando de roupas, viagens, supérfluos, mas de moradia, alimentação, trabalho, locomoção.

Pior é que uma coisa leva a outra. Tenho, volto a dizer, andado por aí. O que estou ouvindo de relatos de decepções, traições, puxadas de tapete, falta disso e daquilo, acende a luz vermelha e não é a do lupanar (ainda). Já é resultado de cada um tentando se salvar, pisando na cabeça de outros, vendendo muito - mas muito barato - a mãe, as amizades, o respeito, a ética, solidariedade, todos os traços de respeitabilidade, além de outros produtos pessoais. Tudo na bacia das almas. Vendendo e não dando recibo. Outros, comprando isso tudo e não pagando.

Não sei mais mesmo quem somos, para onde vamos e, na verdade, se vamos; se é que vamos. 

Mas achei que não custava nada deixar registrado que nem todos são cegos para ver as coisas; nem surdos para fazer de conta que não ouvem as mentiras. Nem mudos, para calar-se diante de tantos descalabros. Em nome de pobres, em prol do que chamam de bem, eles só pensam no poder de hoje. E na eleição de amanhã. 

Usando uma expressão PCC, precisamos dar um "alerta total". Um "salve geral"

Marli Gonçalves é atual Diretora da Brickmann&Associados Comunicação, B&A, tem 30 anos de atuação na profissão. Na área de consultoria e comunicação empresarial foi, de 1994 a 1996, gerente de imprensa da multinacional AAB, Hill and Knowlton do Brasil (Grupo Standart. Ogilvy & Mather). Foi do Jornal da Tarde, da Rádio Eldorado, com passagem pela Veja SP. Participou ainda, nos 80, de várias publicações, entre elas, Singular & Plural, Revista Especial, Gallery Around ( com Antonio Bivar), Novidades Fotóptica, A-Z, Vogue. Na área política, entre outros, foi assessora de Almino Affonso, quando vice-governador de São Paulo, e trabalhou em campanhas para Fernando Gabeira e Roberto Tripoli. Na B&A, tem cuidado de Gerenciamento de Crises, ao lado de Carlos Brickmann. 

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