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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Marcel Diogo expõe erros e imperfeições

Artista mostra o avesso da arte em exposição na Galeria BDMG Cultural.

Marcel Diogo: 'Na era digital o erro fotográfico é cada vez menor.'
Por Luiza Serrano

A partir do dia 3 de outubro, o público poderá conferir, na Galeria de Arte do BDMG Cultural, a exposição Falhas Expostas, de Marcel Diogo. O artista apresentará um vídeo, objetos e diversas pinturas, algumas delas derivadas de fotografias,que mostram falhas ocasionais e evidenciam o erro enquanto elemento de estudo. A proposta de revelar a falha em um contexto poético poderá ser vista até o dia 3 de novembro, diariamente, de 10 às 18 horas. O acesso é gratuito.

Marcel Diogo observa a falha "como um desacordo em relação aos modelos ideais, um acontecimento que interrompe o curso habitual de algo". Sob essa ótica, o artista percebeu que na era das câmeras digitais o erro fotográfico é cada vez menos comum. Existem diversos dispositivos nas câmeras atuais que padronizam as fotos e minimizam possíveis erros, como o SmileShutter, que aciona o equipamento quando o alvo sorri.Existe, ainda, o BeautyShot, um mecanismo homogeneizador, que identifica as "imperfeições" da face e as retoca automaticamente. Além desses recursos, as câmeras digitais também permitem o descarte imediato de imagens que não se enquadram aos modelos ideais. 

Paralelo as novas tecnologias, fotografar com filme envolve riscos e fracassos eo resultado só pode ser visto após um processo de revelação. Ou seja, mesmo que a foto não tenha se enquadrado ao padrão e a estética preferencial, a imagem continuará preservada pelos indivíduos em seus álbuns familiares, uma vez que há um envolvimento afetivo com aquele momento.

No século XXI, os indivíduos encontram-se rodeados de apelos visuais, nas revistas, panfletos, jornais, fotografias, outdoors, tablets, flyers e adesivos. A imagem se tornou algo plano, liso, destexturizado, diferente da pintura, que permite uma experiência de massas, matérias e texturas sobrepostas. Por isso, ao transformar uma imagem em pintura, Marcel Diogo possibilita uma relação distinta com a qual convivemos diariamente.

O indivíduo como consumidor

Nesta mesma linha de distinção, o artista também faz uma reflexão em seu trabalho sobre o indivíduo enquanto consumidor. Assim como a pintura, decretada morta pela imediatização das imagens proporcionadas pelas câmeras e TVs, o alimento é também algo embalado, sem vida. Diferente de nossos ancestrais, a relação que estabelecemos como alimento se resume aos supermercados, que oferecem comida em prateleiras fragmentadas. Atualmente, as imagens cotidianas não têm mais textura ou matéria, o que acontece, também, com o alimento, que é cada vez mais homogeneizado e industrializado.

Marcel Diogo é formado em artes plásticas, com habilitação em pintura e licenciatura em desenho e plástica pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O artista desenvolve projetos curatoriais independentes e faz parte do Centro de Experimentação e Informação de Arte (CEIA) e do Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações em Arte (CERCA). Marcel co-coordenou a Residência Artística edição Cordisburgo, patrocinado pelo BDMG Cultural; participou do Arte Ocupa SM, no Rio Grande do Sul; INexactly THIS, em Amsterdam; e de exposições coletivas e individuais em Belo Horizonte, Contagem e Ouro Preto.

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